Este cenário foi elucidado por um estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que analisou trabalhadores com 14 anos ou mais. Desde 2012, quando teve início essa série de dados, observou-se uma leve melhoria: a diferença salarial era de 39% e caiu para 33% em 2023. Contudo, a realidade permanece crítica, com os brancos ainda desfrutando de vantagens significativas em todas as categorias analisadas pelo estudo.
No setor das ciências e intelectuais, a disparidade é igualmente significativa. Os profissionais brancos ganham, em média, R$ 7.412, enquanto os negros recebem R$ 5.192, resultando em um abismo salarial de R$ 2.220. Contudo, a menor diferença ocorre nas Forças Armadas, onde a variação é de R$ 934. Em geral, os diretores e gerentes se destacam com o maior rendimento médio, atingindo R$ 8.721 mensais.
Ademais, a estrutura demográfica brasileira é marcada pela presença significativa da população negra, que, segundo o Censo 2022, compreende 55,5% dos brasileiros. Mesmo assim, a quantidade de negros ocupando cargos de gestão e direção é desproporcional: 17,7% dos brancos estão nessas posições, enquanto apenas 8,6% dos negros têm igual colocação. Essa desigualdade é sintomática e se reflete também nas ocupações elementares, onde 20,3% dos negros estão empregados, em contraste com 10,9% dos brancos.
Ao considerar a remuneração por hora, a pesquisa do IBGE ainda mostra que os brancos ganham, em média, R$ 24,60, enquanto os negros arrecadam apenas R$ 15, o que equivale a uma diferença de 64%. Mesmo a conquista de um diploma de ensino superior não garante equidade salarial. Os brancos com ensino superior ganham R$ 43,20 por hora, enquanto os negros formados recebem R$ 29,90, uma diferença alarmante de 44,6%.
A análise dos dados revela que a informalidade no trabalho afeta desproporcionalmente a população negra: 45,6% dos trabalhadores pretos ou pardos estão em condições informais, em comparação com 34% dos brancos. Essa condição precária não só contribui para a perpetuação da desigualdade, mas também limita as oportunidades de progressão profissional e financeira dos negros no Brasil.
Assim, fica evidente que, apesar de alguns avanços ao longo dos anos, a luta pela equidade racial no mercado de trabalho brasileiro ainda encontra-se longe de ser conquistada.
