O desempenho das contas públicas deste ano ficou acima das expectativas de analistas, que, segundo o levantamento da pesquisa Prisma Fiscal do Ministério da Fazenda, previam um déficit de R$ 12,7 bilhões. Os dados mostram que, enquanto o conjunto do Tesouro Nacional e do Banco Central apresentou um superávit de R$ 1,1 bilhão, a Previdência Social enfrentou um déficit de R$ 21,3 bilhões.
A retração nas receitas líquidas foi um fator-chave para o resultado deficitário. O Tesouro Nacional apontou uma redução real de 4,8% na arrecadação líquida, que resultou em uma perda de R$ 8,4 bilhões em comparação ao ano anterior. A queda expressiva de 52,5% nas receitas não administradas, totalizando R$ 16,7 bilhões, impactou diretamente as finanças do governo. Os principais responsáveis por essa diminuição incluem a queda nos recebimentos de dividendos e participações, além das concessões e permissões.
Do lado das despesas, o aumento significativo das despesas primárias foi impulsionado principalmente por gastos do Poder Executivo, que cresceram R$ 3,9 bilhões — sendo R$ 3,2 bilhões somente na área de saúde. Além disso, os pagamentos de benefícios previdenciários aumentaram em R$ 3 bilhões, em virtude do número crescente de beneficiários e dos reajustes reais do salário mínimo.
O Tesouro observou também alguns esforços para controlar o crescimento das despesas primárias, com reduções em rubricas obrigatórias, que ajudaram a mitigar o impacto do aumento geral. A arrecadação previdenciária líquida, por sua vez, se manteve positiva, impulsionada por um comportamento favorável do mercado de trabalho e pelo aumento dos recolhimentos do Simples Nacional.
No acumulado do ano até novembro de 2025, o déficit primário do Governo Central totalizou R$ 83,8 bilhões, um aumento em relação ao mesmo período do ano anterior, quando atingiu R$ 67 bilhões. Esse resultado reflete um superávit de R$ 244,5 bilhões do Tesouro e do Banco Central combinado com um déficit na Previdência Social de R$ 328,3 bilhões.
O crescimento real da receita líquida foi de 2,9%, resultando em um aumento de R$ 60,2 bilhões, enquanto as despesas cresceram 3,4%, somando R$ 71,9 bilhões. Entre as receitas, destacaram-se os impostos sobre a renda, operações financeiras e importação, que contribuíram para a arrecadação. Contudo, as receitas não administradas sofreram uma queda de 6,9%, refletindo um cenário desafiador para as finanças públicas.







