Segundo Bruno Lima Rocha Beaklini, jornalista e doutor em Ciência Política, a implementação da taxação dos super-ricos esbarra nas legislações nacionais dos países, o que torna a operacionalização do processo desafiadora. Para ele, a declaração do G20 evidencia a crescente acumulação de riqueza e os mecanismos de evasão fiscal, sem, contudo, detalhar como essa tributação seria efetivada.
O texto aprovado pelo consenso das maiores potências mundiais menciona a necessidade de tributar indivíduos de patrimônio líquido ultra-alto, respeitando a soberania tributária de cada nação. A proposta envolve o compartilhamento de boas práticas, debates sobre princípios fiscais e a criação de mecanismos para combater a evasão fiscal. A cooperação entre os países para discutir essas questões no âmbito do G20 e em outros fóruns relevantes foi mencionada na declaração.
Vitelio Brustolin, professor de Relações Internacionais da UFF, ressaltou que o documento se concentra mais em intenções do que em ações concretas. A necessidade de uma tributação progressiva para os super-ricos é destacada, porém sem apontar os meios para alcançar esse objetivo. A discussão sobre a taxação dos bilionários foi inicialmente proposta pelo economista francês Gabriel Zucman e poderia arrecadar bilhões de dólares anualmente.
A menção ao tema dos super-ricos foi elogiada pela ONG Oxfam Brasil, que trabalha com desigualdade econômica. A diretora executiva da organização, Viviana Santiago, destacou o papel do Brasil em abrir caminho para avançar nesse debate e cobrou uma ação concreta da África do Sul, que presidirá o G20 em breve. A tributação dos super-ricos é vista como um instrumento crucial para combater a desigualdade extrema e mobilizar recursos para enfrentar crises como as do clima e da pobreza.