Em comunicado divulgado após a última reunião, realizada no início de agosto, o Copom informou que os diretores do BC e o presidente Roberto Campos Neto já haviam previsto, por unanimidade, cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões.
De acordo com a pesquisa semanal Boletim Focus, a taxa básica de juros deve realmente sofrer uma redução de 0,5 ponto percentual, embora algumas instituições financeiras projetem uma redução de até 0,75 ponto percentual. A expectativa do mercado é que a Selic encerre o ano em 11,75% ao ano. A decisão do Copom será anunciada amanhã, ao final do dia.
A desaceleração da inflação e a evolução do cenário econômico foram citadas pelo Copom como fatores que permitiram a acumulação da confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária. No comunicado da reunião de agosto, o Copom ressaltou que, apesar do recuo da inflação, alguns preços ainda estão subindo ou caindo menos do que o previsto, o que justifica uma postura mais conservadora na redução dos juros.
Com a redução dos índices de preços nos últimos meses, as expectativas de inflação têm diminuído. O último Boletim Focus do Banco Central aponta uma estimativa de inflação de 4,86% para este ano, abaixo dos 4,93% previstos anteriormente. Em agosto, o IPCA ficou em 0,23%, abaixo das previsões, principalmente devido à queda do preço dos alimentos.
A taxa básica de juros, conhecida como Selic, é utilizada nas negociações de títulos públicos e serve como referência para as demais taxas da economia. Ela é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. Quando o Copom aumenta a taxa de juros, a intenção é conter a demanda aquecida, o que pode afetar os preços. Já a redução da Selic tende a estimular o crédito, a produção e o consumo, promovendo o crescimento da economia. Além da SELIC, outros fatores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas, também são considerados pelos bancos na definição das taxas de juros cobradas dos consumidores.
O Copom se reúne a cada 45 dias e, no primeiro dia do encontro, são apresentadas análises técnicas da economia brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom analisam as possibilidades e definem a Selic.
A meta de inflação definida pelo CMN para este ano é de 3,25%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. No último relatório de inflação divulgado, o Banco Central reconheceu a possibilidade de levemente ultrapassar a meta de inflação neste ano, com estimativa de IPCA em 5%. O próximo relatório será divulgado no fim de setembro.