Durante a reunião realizada na semana passada, o colegiado destacou a redução das expectativas e a necessidade de fortalecimento da credibilidade e da reputação das instituições e dos arcabouços fiscal e monetário, que fazem parte da política econômica brasileira. A ata da reunião, divulgada nesta terça-feira, reafirma a importância da firme persecução das metas fiscais estabelecidas.
Especificamente em relação ao cenário fiscal, o Comitê reforçou a visão de que a falta de ação em relação às reformas estruturais e a disciplina fiscal, juntamente com o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública, têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, tendo impactos negativos sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação.
A taxa neutra é aquela que nem estimula, nem desestimula a economia, sendo a taxa de juros real consistente para manter o nível de atividade econômica, com o fomento ao pleno emprego e a inflação na meta. Ou seja, é um ponto crucial para que a economia se mantenha equilibrada.
No âmbito da política monetária, o Copom, na reunião da semana passada, decidiu reduzir a taxa Selic, de 12,25% ao ano para 11,75% ao ano, marcando o quarto corte nos juros no semestre, com a expectativa de cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões. A última decisão do Banco Central foi influenciada pelo comportamento dos preços, com a inflação voltando a subir na segunda metade do ano.
A taxa Selic é o instrumento principal do Banco Central para alcançar a meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O BC não informou quando parará de reduzir a Selic e afirmou que o momento depende do comportamento da inflação no primeiro semestre de 2024.
O colegiado destacou a necessidade de uma política monetária contracionista até que se consolide o processo de desinflação e também a ancoragem das expectativas em torno das metas do BC. Além disso, a decisão foi considerada compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta para 2024 e 2025.
O Comitê ainda avaliou indicadores que apontam para a desaceleração da economia, como a moderação no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, ainda que com resiliência no consumo das famílias. O mercado de trabalho segue aquecido, mas com alguma moderação na margem.
Com tantas variáveis a serem observadas, a decisão de política monetária é complexa e requer acompanhamento constante da economia e do cenário externo para que as escolhas sejam as mais acertadas. Com isso, o Banco Central segue atento e busca manter a estabilidade econômica do país.