Em sua última ata, publicada em junho, o Copom ressaltou que a Selic será mantida em 15% ao ano por um período prolongado, apontando que os núcleos de inflação, que excluem preços administrados e de alimentos in natura, têm se mostrado persistentemente elevados. Essa análise sugere que a inflação ainda sofre pressão da demanda, o que requer uma política monetária contracionista prolongada.
Enquanto isso, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou uma desaceleração para 0,24% em junho, totalizando 5,35% nos últimos 12 meses. Contudo, dados preliminares para julho, como os do IPCA-15 – uma prévia da inflação oficial –, revelam um aumento que supera as expectativas, impulsionado principalmente pelo crescimento dos preços da energia e das passagens aéreas. A revisão da estimativa de inflação para 2025, que caiu para 5,09% de 5,2% nas quatro semanas anteriores, indica que, embora haja certa alívio, esta taxa ainda ultrapassa o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 4,5%.
A Taxa Selic, como principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação, serve também como referência para as taxas de juros praticadas nas operações de crédito. A elevação nos juros tem como objetivo conter a demanda aquecida, o que reflete em um encarecimento do crédito e um incentivo à poupança. Essa dinâmica, entretanto, pode também limitar a expansão econômica. A decisão do Copom influenciará diretamente as condições de crédito e, em última análise, o panorama econômico do país, com possibilidade de estimular ou esfriar a atividade econômica, dependendo de sua direção.
Além do mais, com o novo sistema de meta contínua, a trajetória da inflação é monitorada mensalmente, com a meta de 3% estabelecida pelo CMN e um intervalo de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Essa mudança formaliza um processo em que a verificação se desloca ao longo do tempo, permitindo um acompanhamento mais dinâmico do cenário inflacionário.
A reunião do Copom serve não apenas para definir a Selic, mas também para discutir as perspectivas econômicas globais e o comportamento do mercado financeiro, refletindo em decisões que moldarão a política monetária nacional nos próximos meses. As expectativas em torno dessa reunião e suas consequências são um indicativo importante da saúde econômica do Brasil em um momento de incertezas.