De acordo com o vice-presidente da Abras, Marcio Milan, o desempenho observado indica uma resiliência significativa no padrão de consumo das famílias, mesmo com a inflação persistente, especialmente no setor de alimentos e bebidas, que acumulou um crescimento de 3,69% ao longo do semestre, superando a inflação geral de 2,99%. Milan destacou que, durante esse período, os consumidores têm demonstrado um comportamento ativo ao pesquisarem preços e trocarem marcas, sem, no entanto, reduzir o consumo em volume.
O mês de junho também revelou mudanças nos hábitos de consumo das famílias. Comparando com o mesmo mês do ano anterior, observou-se uma migração para opções de preço intermediário em diversas categorias. “A melhora na situação do mercado de trabalho e a movimentação de recursos adicionais na economia parecem ter possibilitado escolhas de consumo menos restritivas para muitos”, explicou Milan.
Outro dado importante é o Abrasmercado, indicador que acompanha a variação de preço de 35 produtos de amplo consumo, que registrou uma deflação de 0,43% em junho, depois de nove meses consecutivos de alta. O preço da cesta básica caiu de R$ 823,37 em maio para R$ 819,81 em junho. Apesar dessa redução mensal, os preços acumulados apresentam um aumento de 3,18% no semestre e de 9% nos últimos 12 meses.
Entre as proteínas animais, os ovos tiveram uma queda significativa de 6,58%, seguida pela carne bovina (corte traseiro) com -1,17% e o frango congelado com -0,47%. Por outro lado, o pernil apresentou uma leve alta de 0,32%. No setor de produtos básicos, foram observadas quedas no preço do arroz (-3,23%), farinha de trigo (-0,66%) e óleo de soja (-0,59%).
No segmento de hortifrúti, a batata e a cebola também apresentaram quedas, enquanto o tomate teve um aumento de 3,25%, pressionando os índices. Já nas categorias de higiene e limpeza, prevaleceram as altas em diversos itens, incluindo creme dental e sabão em pó.
Analisando os dados por regiões, o Sudeste registrou a maior deflação, com uma redução no valor da cesta básica, seguido por reduções menores no Centro-Oeste, Nordeste e Sul. Apenas na região Norte houve uma leve alta. Esses dados refletem o cenário atual do mercado e as dinâmicas de consumo da população brasileira.