ECONOMIA – Câmara dos Deputados Aprova Projeto de Lei Antifacção que Enfraquece Combate ao Crime, Alertam Ministro e Polícia Federal sobre Riscos à Segurança Pública

Na última quarta-feira, 19 de outubro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou suas preocupações em relação ao Projeto de Lei (PL) Antifacção, recentemente aprovado pela Câmara dos Deputados. Durante uma coletiva realizada após reunião no Palácio do Planalto, Haddad argumentou que o novo texto, elaborado pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), contraria os objetivos de combate ao crime organizado, enfraquecendo os órgãos federais responsáveis por essa tarefa.

De acordo com o ministro, as modificações promovidas no projeto podem resultar em um colapso financeiro da Polícia Federal, uma vez que a proposta altera a destinação de bens confiscados, desviando recursos fundamentais para o desempenho das operações da instituição. Haddad enfatizou que a votação apressada e sem diálogo com especialistas e representantes de órgãos competentes levanta sérias preocupações sobre a eficácia no enfrentamento do crime organizado.

O ministro também chamou a atenção para as possíveis lacunas que o texto pode abrir para as ações de grupos criminosos. Haddad afirmou que a configuração atual das regras pode dificultar as investigações e, em vez de fortalecer, acaba por proporcionar um ambiente favorável para que os integrantes do crime organizado operem livremente.

A divisão dos recursos provenientes de apreensões feitas em operações conjuntas de órgãos federais e estaduais foi outro ponto criticado pelo ministro, que ressaltou que a proposta resulta na redução de verbas para áreas estratégicas no combate ao crime. A transferência desses recursos pode, segundo Haddad, desencadear impactos negativos em outros fundos importantes, como o Fundo Nacional Antidrogas e o Fundo para Aparelhamento da Polícia Federal.

Além disso, o ministro alertou que o PL, tal como foi aprovado, poderá comprometer investigações em andamento sobre crimes financeiros e fraudes, colocando em risco operações já estabelecidas. A manifestação de Haddad foi acompanhada por críticas semelhantes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também alertou para a insegurança jurídica que o texto poderá gerar.

Enquanto isso, a Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) reconheceu alguns avanços no projeto, mas fez questão de apontar os retrocessos que o texto representou, especialmente em relação ao fundo destinado ao aparelhamento da PF. A entidade pediu um debate mais técnico na fase de apreciação no Senado.

O relator do projeto, Guilherme Derrite, rebateu as críticas de Haddad, alegando que as declarações do ministro e do PT são baseadas em “mentiras” que visam criar uma narrativa política negativa. Ele argumentou que a proposta visa enfrentar o crime organizado com fatos concretos, enfatizando a necessidade de um olhar pragmático sobre a situação.

O projeto, aprovado com 370 votos a favor e 110 contrários, agora segue para o Senado, onde será avaliado pelo senador Alessandro Vieira. A proposta introduce mudanças significativas no combate às facções criminosas, incluindo aumento de penas e alteração nas regras de bloqueio de bens, que, segundo críticos, podem acabar por fragilizar os esforços contra o crime organizado, perpetuando um ciclo de insegurança e(insegurança jurídica) juridicamente.

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