Para que a fusão avance, no entanto, as empresas precisam atender a uma condição imposta pelo Cade: a venda de 26 lojas em São Paulo, sendo a maioria delas situadas na capital. Esses pontos de venda representam aproximadamente 3,3% do faturamento anual previsto da nova entidade formada pela união das duas redes, que, juntas, contabilizam um total de 515 lojas – 264 pertencentes à Petz e 251 à Cobasi.
O conselheiro José Levi Mello do Amaral, relator do processo, reforçou que a venda dessas lojas é uma medida essencial para garantir um ambiente competitivo mais saudável, especialmente em São Paulo, onde há preocupações com a concentração de mercado. O acordo também inclui restrições comportamentais, como limites em cláusulas de exclusividade, embora os detalhes ainda não tenham sido divulgados publicamente.
Entretanto, a decisão não foi unânime. A conselheira Camila Cabral Pires Alves manifestou sua preocupação com a seleção das lojas a serem vendidas, indicando que a medida poderia não ser suficiente para mitigar os impactos da fusão na concorrência. Sua declaração ressalta a possibilidade de que, mesmo com a venda, ainda existam mercados onde a competição permanecerá comprometida.
A fusão suscita resistência, sendo a rival Petlove a principal opositora. A companhia, que opera predominantemente no comércio eletrônico e possui algumas lojas físicas, argumentou que a fusão criaria um colosso 30 vezes maior que seu maior concorrente, o que poderia prejudicar a dinâmica competitiva do setor. Apesar disso, o Cade considerou que as medidas de desinvestimento propostas seriam adequadas para manter a competitividade.
Com a fusão, a nova empresa controlará cerca de 40% do mercado pet brasileiro, que, segundo dados do Cade, deve alcançar movimentações anuais em torno de R$ 80 bilhões. A economia gerada pela nova estrutura deve ultrapassar R$ 330 milhões devido a sinergias operacionais.
Pela divisão de ações, os acionistas da Cobasi deterão 47,4% da nova empresa, enquanto os da Petz ficarão com 52,6%, além de receber R$ 400 milhões, dos quais R$ 130 milhões serão distribuídos na forma de dividendos.
A aprovação da fusão surgiu após a Superintendência-Geral do Cade ter dado um sinal verde inicial em junho, que foi posteriormente revisto após contestação da Petlove, que se mostrou preocupada com um possível aumento de preços nos mercados dominados pelas novas entidades.
A Petz, fundada em 2002, atua em 23 estados, empregando 7 mil pessoas e contabilizando uma receita de R$ 3,3 bilhões em 2024. Por sua vez, a Cobasi, com 251 lojas em 94 cidades e também empregando 7 mil funcionários, registrou um faturamento de R$ 3,2 bilhões no último ano. Ambas as empresas se comprometem a continuar monitorando a concorrência e a diversidade de produtos após a fusão, estabelecendo uma estrutura robusta que deverá ser acompanhada de perto pelo Cade em busca de salvaguardar a competitividade no setor.
