Com essa diminuição, cerca de 48,9 milhões de pessoas no Brasil estavam vivendo com menos de US$ 6,85 diários, o que equivale a aproximadamente R$ 694. Em contraste, o número de pessoas nessa condição era de 57,6 milhões no ano anterior. O levantamento que mostra essas mudanças faz parte da “Síntese de Indicadores Sociais” e foi divulgado no início de outubro.
Os números evidenciam uma tendência de recuperação econômica, com a pobreza apresentando uma redução por três anos consecutivos. Desde 2022, o mercado de trabalho começou a se reaquecer, favorecido pelo fortalecimento de programas assistenciais como o Bolsa Família e o Auxílio Brasil, que se tornaram mais abrangentes e aumentaram os montantes pagos aos beneficiários. A relação entre as políticas de redistribuição de renda e o emprego é evidente, já que o aumento da renda familiar foi essencial para a mudança de cenário.
Além disso, o Brasil também observou uma queda na extrema pobreza, que se refere àqueles que vivem com menos de US$ 2,15 por dia. O número de pessoas nessa situação caiu de 9,3 milhões em 2023 para 7,4 milhões em 2024, o que representa 1,9 milhão de brasileiros que conseguiram melhorar suas condições de vida. Isso alterou a proporção da população em extrema pobreza para 3,5%, o menor índice desde o início da coleta de dados.
Entretanto, o fenômeno da desigualdade ainda persiste no país, com evidências de disparidades regionais e raciais significativas. A pobreza e a extrema pobreza afetam desproporcionalmente as regiões Norte e Nordeste, que superam as médias nacionais. No caso da população negra e parda, os índices de pobreza são consideravelmente mais altos se comparados à população branca.
Outro indicador importante que transpõe a desigualdade de renda no Brasil é o índice de Gini, que em 2024 atingiu 0,504, o menor valor desde 2012. A análise sugere que a implementação de políticas públicas de transferência de renda foi crucial para evitar uma desigualdade ainda mais acentuada, uma vez que, na ausência dessas políticas, as taxas de extrema pobreza entre os idosos teriam saltado drasticamente.
Essas transformações, embora positivas, evidenciam a necessidade de políticas continuadas e inclusivas, a fim de assegurar que a recuperação socioeconômica seja sustentada e beneficiem a totalidade da população, especialmente as camadas mais vulneráveis.









