Este índice é especialmente relevante, visto que o país apresenta atualmente 6,1 milhões de pessoas desocupadas, o que representa a menor quantidade desde o início da série histórica. Comparando ao trimestre anterior, encerrado em maio, houve uma redução de 605 mil pessoas em busca de trabalho. O número total de ocupados alcançou a marca de 102,4 milhões, o que também contribuiu para manter o nível de ocupação em 58,1%, o mais alto registrado até o momento.
Além disso, os dados revelam um crescimento significativo no número de empregados com carteira assinada, que chegou a 39,1 milhões. Esse aumento representa uma elevação de 1,2 milhão em relação ao mesmo período do ano anterior, sinalizando uma recuperação consistente do mercado de trabalho.
O analista William Kratochwill, ao comentar os resultados da pesquisa, destacou que a queda na taxa de desocupação está ligada, em parte, ao setor de educação pública, que realiza contratações temporárias, especialmente no primeiro semestre do ano. No entanto, no setor de trabalho doméstico, observou-se uma redução de 174 mil ocupados. Isso demonstra uma possível migração de trabalhadores desse setor para outras atividades, uma mudança que pode ser vista como um reflexo de um mercado de trabalho mais aquecido.
A Pnad também mostrou que, apesar do crescimento do mercado de trabalho, a taxa de informalidade, que mede a proporção de trabalhadores sem registro formal, subiu para 38%. Esse aumento, justificado pelo crescimento de trabalhadores autônomos, indica que muitos têm buscado alternativas para garantir sua renda.
A pesquisa revelou também que o rendimento médio do trabalhador ficou em R$ 3.488. Esse valor é estável em comparação ao trimestre anterior e representa uma alta real de 3,3% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. A massa de rendimento totalizou R$ 352,6 bilhões, apontando um crescimento significativo.
Num cenário de juros elevados, a Selic, taxa básica de juros, está em 15% ao ano, o que traz uma dinâmica complexa ao mercado. Embora a política monetária restritiva busque combater a inflação, os sinais de um mercado de trabalho aquecido mostram que, paradoxalmente, a economia ainda apresenta oportunidades.
Os dados da Pnad foram divulgados logo após a publicação dos resultados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que revelou a criação de 147.358 novas vagas de emprego formal em agosto, resultando em um saldo positivo de 1,4 milhão de postos de trabalho nos últimos 12 meses. Esses números refletem uma recuperação importante na geração de empregos e no aquecimento do mercado de trabalho brasileiro.