ECONOMIA – Brasil alcança recorde de US$ 1,141 trilhões em investimento estrangeiro direto, correspondendo a 46,6% do PIB, impulsionando capacidade produtiva do país.

O Brasil encerrou o ano de 2024 com um impressionante estoque de investimento estrangeiro direto (IED) que alcançou a cifra de US$ 1,141 trilhão. Esse montante representa aproximadamente 46,6% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, configurando-se como um marco histórico na série cronológica de dados disponibilizada pelo Banco Central (BC). Os números foram revelados por meio do Censo de Capitais Estrangeiros, publicado recentemente em Brasília.

A trajetória do investimento direto no Brasil tem revelado um crescimento expressivo desde o início da série, em 1995, quando os IEDs correspondiam a apenas 6,1% do PIB. Nas duas décadas seguintes, houve um aumento considerável: em 2000, esse percentual saltou para 17,1% e, em 2010, atingiu 25,2%. O crescimento continuou, e, em 2019, ultrapassou pela primeira vez a marca de 30%, chegando a 34,6%. No último ano, 2023, esse valor já representava 45% do PIB.

Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, ressalta que a maior parte das empresas que recebem capital estrangeiro são majoritariamente controladas por investidores internacionais. “Essas empresas costumam ter 100% do capital ou controlam mais de 50% da empresa, o que indica uma forte conexão com o exterior e uma dependência mercadológica”, comenta Rocha, destacando que esse perfil de investimento está atrelado à maior presença de importações e exportações.

Em termos de distribuição do montante total de IED, cerca de US$ 884,8 bilhões são designados a participações no capital social de empresas, enquanto aproximadamente US$ 256,4 bilhões referem-se a operações intercompanhias, que envolvem empréstimos entre empresas do mesmo grupo. Rocha enfatiza que o impacto positivo do investimento direto é notável, pois ele impulsiona a capacidade produtiva do país e contribui para melhorar a produtividade.

Entretanto, é importante notar que, apesar do recorde registrado em relação ao PIB, em valores absolutos, o estoque de 2023 era superior, alcançando US$ 1,3 trilhão. Essa discrepância se deve à depreciação da moeda brasileira frente ao dólar, que passou de R$ 4,84 para R$ 6,19 entre o final de 2023 e o final de 2024, refletindo uma redução quando os dados são convertidos para a moeda americana.

Os principais países responsáveis por esse fluxo de investimento são, em ordem de importância, os Estados Unidos, seguidos da França, Uruguai, Espanha e Países Baixos. Rocha finaliza destacando que os setores que mais atraem investimentos, representando 40% do total, são os serviços financeiros, o comércio, a eletricidade e a extração de petróleo, evidenciando a diversidade e a relevância do Brasil no cenário global de investimentos.

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