Em comunicado, Washington justificou a aplicação dessas tarifas como uma medida necessária para proteger os interesses estratégicos dos EUA, citando déficits comerciais persistentes que, segundo o governo, ameaçam tanto a segurança nacional quanto a economia do país. A administração americana reiterou que esses aspectos são de natureza política, e não passíveis de revisão ou mediação pela entidade internacional.
O Brasil, por outro lado, não hesita em contestar as alegações americanas. Em seu pedido de consultas, o governo brasileiro aponta diversas violações, argumentando que as tarifas contrariam as normas estabelecidas pelo Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) e pelo Entendimento sobre Solução de Controvérsias (DSU). Entre os principais pontos de contestação, destaca-se a acusação de tratamento discriminatório, visto que os Estados Unidos isentaram alguns países das tarifas, enquanto impuseram severas penalizações ao Brasil. Além disso, a taxa de 50% ultrapassa os limites acordados anteriormente na OMC.
Com a previsão de um período de até 60 dias para tentativas de diálogo, caso não se alcance um entendimento satisfatório, o Brasil poderá solicitar a criação de um painel de juicio na OMC. Entretanto, é importante ressaltar que o aumento da politicagem nas disputas comerciais tem gerado ineficiências na solução de controvérsias, o que torna esse processo mais simbólico do que prático.
A espera por uma resolução pode ser um espaço para o Itamaraty apresentar novos elementos e possíveis acusações, intensificando a pressão sobre os Estados Unidos. A disputa, além de ser um teste para os mecanismos da OMC, revela também a complexidade das relações comerciais entre os dois países, em um cenário marcado por tensões e desigualdades nas tratativas comerciais.