De acordo com o Relatório de Inflação do BC, a revisão nas projeções considerou o cenário de política monetária mais restritiva, com aumento dos juros. Além disso, a reavaliação da trajetória dos financiamentos com recursos direcionados também influenciou as projeções, prevalecendo sobre as expectativas de maior crescimento da atividade econômica e mercado de trabalho mais aquecido.
Uma das principais alterações nas projeções está relacionada ao crescimento do segmento de pessoas jurídicas com recursos direcionados. O crédito direcionado, que tem regras definidas pelo governo, é destinado principalmente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito. O relatório aponta que o crédito rural e os empréstimos do Crédito Solidário ao Rio Grande do Sul têm evoluído abaixo do previsto, o que resultou na redução do crescimento esperado para essa carteira em 2024.
Já no crédito livre, a elevação do crescimento esperado para o segmento das empresas compensou a diminuição no de pessoas físicas. O crédito livre é aquele em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes.
Ao analisar o estoque de empréstimos concedidos pelos bancos do Sistema Financeiro Nacional, em outubro deste ano, pode-se observar que o crédito totalizou R$6,3 trilhões, sendo R$2,4 trilhões para pessoas jurídicas e R$3,9 trilhões para famílias. Além disso, o crédito ampliado ao setor não financeiro alcançou R$17,9 trilhões, com R$6,3 trilhões destinados às empresas e R$4,2 trilhões às pessoas jurídicas.
Para o ano de 2025, as projeções indicam uma queda no crescimento do saldo dos empréstimos com recursos livres às famílias, devido ao aperto da política monetária. O Banco Central elevou a taxa Selic para 12,25% ao ano na última reunião do ano, com planos de aumentá-la em um ponto percentual nas próximas duas reuniões, em janeiro e março, caso os cenários se confirmem. Esse movimento faz parte de um ciclo de contração na política monetária para conter a alta da inflação.
Quanto às contas externas, o BC projeta um aumento do déficit em transações correntes entre 2023 e 2024, porém inferior ao fluxo líquido de investimento direto no país. O IDP acumulado em 12 meses totalizou US$66 bilhões em outubro de 2024, enquanto o déficit em transações correntes alcançou US$49,2 bilhões no mesmo período.
Em resumo, as projeções do Banco Central apontam para um cenário de crescimento do crédito bancário, porém com revisões para baixo em relação às expectativas anteriores. O aperto da política monetária e as incertezas econômicas globais são fatores que influenciam essas projeções, sinalizando desafios para o mercado financeiro nos próximos anos.