ECONOMIA – Banco Central prevê juros altos por tempo prolongado devido a incertezas inflacionárias e tarifas comerciais dos EUA, mantendo Selic em 15% ao ano.

O cenário econômico brasileiro continua a ser marcado por incertezas, em grande parte refletidas nas decisões do Banco Central (BC). A recente ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na terça-feira (5), destaca as razões que levam a instituição a manter a taxa básica de juros, a Selic, em impressionantes 15% ao ano. Este é o nível mais elevado desde julho de 2006 e representa uma postura de cautela frente a um ambiente econômico internacional desfavorável e à expectativa de inflação que não se ajusta à meta estabelecida.

A meta de inflação do BC é de 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual, estabelecendo limites entre 1,5% e 4,5%. No entanto, a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), se encontra em 5,35% nos últimos 12 meses, indicando que as expectativas de inflação estão distantes do ideal. A falta de alinhamento entre a inflação atual e a meta desejada é um dos principais fatores que resultam na manutenção de juros altos por um período mais extenso.

O Copom menciona um cenário econômico interno que, embora apresente certas tensões, também tem evidenciado sinais de resiliência. O mercado de crédito, por exemplo, mostrou uma moderação perceptível, embora a procura por crédito consignado tenha sido menor do que o esperado. Além disso, o mercado de trabalho permanece aquecido, com uma taxa de desemprego em níveis historicamente baixos. Esses dados, enquanto indicam uma saúde relativa do mercado, também alimentam pressões inflacionárias, uma vez que a renda dos trabalhadores tem ultrapassado a produtividade.

Neste contexto, as declarações do Copom enfatizam a necessidade de uma abordagem contracionista que, se mantida por um período prolongado, deveria garantir a convergência da inflação à meta estabelecida. Os diretores do BC alertam sobre os desafios que a política fiscal do governo pode impor, apontando que a incerteza nas reformas e a expansão do crédito direcionado podem elevar a taxa de juros neutra da economia, complicando ainda mais o quadro de controle da inflação.

Finalmente, a política monetária do Banco Central, que é revisada a cada 45 dias, ficou evidente que um ajuste nos juros pode impactar a economia com efeitos que se estendem por meses. A Selic elevada não apenas aumenta o custo dos empréstimos para pessoas e empresas, mas também desencoraja investimentos, gerando um ciclo de atividade econômica reduzida, mormente menos empregos e uma queda na renda. Portanto, a vigilância do BC em relação à taxa de juros e suas consequências é vital para estabilizar a economia brasileira em tempos tão conturbados.

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