A projeção atualizada considera os novos dados do mercado de crédito e a revisão do cenário macroeconômico. Segundo o Banco Central, essa revisão foi influenciada pelos resultados abaixo do esperado no mercado de crédito, principalmente no segmento de crédito para pessoas jurídicas com recursos livres. Nesse segmento, a projeção foi reduzida de 3% para 1,5% devido à desaceleração do saldo, que foi mais acentuada do que o esperado.
No entanto, a projeção de crescimento do estoque do crédito livre para pessoas físicas foi mantida em 9%, devido à resiliência das concessões até julho de 2023 e às perspectivas atualizadas para a atividade econômica.
Em relação ao crédito direcionado, que envolve setores habitacional, rural, de infraestrutura e microcrédito, a projeção de crescimento do saldo para pessoas físicas ficou em 11%. Essa projeção considera a desaceleração do saldo imobiliário compensada pelo aumento do Plano Safra para 2023/2024.
No segmento de crédito direcionado para pessoas jurídicas, a projeção foi mantida em 7%.
A redução da taxa básica de juros, a Selic, também foi destacada no Relatório de Inflação. Na semana passada, o Copom decidiu cortar a Selic de 13,25% ao ano para 12,75% ao ano, em um ciclo de cortes que deve continuar nas próximas reuniões.
O BC reforçou a necessidade de uma política monetária contracionista para garantir a convergência da inflação para a meta em 2024 e 2025. As incertezas nos mercados e as expectativas de inflação acima da meta são fatores que influenciam a decisão sobre a taxa básica de juros.
O crescimento do crédito em 2024 também foi mencionado no relatório. Pela primeira vez, o BC apresentou uma projeção para esse ano, que é de 8,5%. A autarquia espera um crescimento do crédito com recursos livres, impulsionado pela melhora da política monetária. No entanto, é esperada uma desaceleração ligeira no crédito para pessoas físicas, devido ao alto endividamento, comprometimento de renda e menor crescimento da renda das famílias.
Com a perspectiva de aceleração nominal do crédito e desaceleração da inflação, o Banco Central projeta um crescimento real mais vigoroso do saldo de crédito em 2024.
A inflação acumulada medida pelo IPCA é de 3,23% até agosto deste ano, e a inflação acumulada em 12 meses é de 4,61%.
Essas projeções do Banco Central indicam um cenário de desaceleração do crédito e uma política monetária contracionista, visando controlar a inflação e garantir o crescimento sustentável da economia.