Em comunicado oficial, o Banco Central destacou que o cenário externo apresenta incertezas relacionadas à política econômica dos Estados Unidos, o que influencia as condições financeiras globais. Internamente, apesar da inflação ainda se manter acima da meta estipulada, a desaceleração econômica sugere que os juros continuarão elevados por um período prolongado.
O BC enfatizou a necessidade de cautela na condução da política monetária diante de um ambiente caracterizado por elevado grau de incerteza. A estratégia de manter a taxa de juros nesse patamar é considerada adequada para assegurar que a inflação retorne aos níveis desejados. No entanto, o Copom não descartou a possibilidade de elevar os juros no futuro caso a situação econômica se torne mais desafiadora.
Essa é a terceira reunião consecutiva em que os juros são mantidos nesse nível, o maior registrado desde julho de 2006. Desde a elevação a 15% em julho deste ano, a taxa não foi alterada, refletindo uma jogada de contenção da inflação, especialmente em um momento em que a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mostra sinais de alta.
Em setembro, o IPCA subiu 0,48%, puxado, entre outros fatores, pelas tarifas de energia, levando o acumulado em doze meses a 5,17%. Embora o indicador tenha superado a meta de inflação, a prévia de preços de outubro, o IPCA-15, revelou uma desaceleração, beneficiada pela queda contínua nos preços dos alimentos.
As estimativas apontam que a inflação de 2025 deve ficar em torno de 4,8%, mas a expectativa do mercado sugere um fechamento em 4,55%, levemente acima do teto da meta estabelecida. Este novo modelo de metas contínuas adotado pelo Banco Central exige monitoramento mais frequente da inflação, onde as análises são feitas mês a mês, tornando o processo de ajuste político mais dinâmico e proativo.
A alta da Selic tem um efeito duplo na economia. Se, por um lado, contribui para o controle da inflação, encarecendo o crédito e desestimulando o consumo, por outro, pode prejudicar o crescimento econômico. A perspectiva de um crescimento de 2% para o PIB em 2025, de acordo com o último Relatório de Política Monetária, está abaixo do que o mercado acredita ser viável, que projeta uma expansão de 2,16%.
Em suma, o dilema do Banco Central reside em equilibrar o controle da inflação com a necessidade de impulsionar o crescimento econômico em um cenário de juros elevados. Essa interação complexa é fundamental para a recuperação econômica do país em meio às incertezas globais e nacionais.
