ECONOMIA – Aumento nos preços e bandeira tarifária elevam inflação acima da meta, aponta Banco Central em carta aberta do primeiro semestre de 2023.

O cenário econômico brasileiro apresenta desafios significativos, conforme revelado pelo Banco Central em uma recente comunicação sobre a inflação no primeiro semestre do ano. O documento expõe a preocupação com o aumento nos preços de produtos industrializados, como o café, e o impacto da bandeira tarifária na energia elétrica, que contribuíram para o estouro da meta estabelecida para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Segundo a nova abordagem de metas em vigor desde o início do ano, o Banco Central é obrigado a emitir uma carta aberta sempre que a inflação exceder o teto de 4,5% fixado pelo Conselho Monetário Nacional. No último mês de junho, o IPCA registrou um aumento de 0,24%, resultando em uma inflação acumulada de 5,35% nos últimos doze meses, superando assim o limite estabelecido. O Banco Central, ao abordar essa questão, indexa as elevações nos preços de gasolina, serviços e alguns alimentos como fatores primordiais para esse desvio.

Particularmente, a carta também menciona a influência de fatores administrados, cuja variação de preços apresentou resultados acima do esperado, principalmente em virtude da energia elétrica, que tem sido afetada pela escassez de chuvas. Curiosamente, essa pressão foi compensada, em grau considerável, pela queda nos preços de alimentação em domicílio, que surpreendeu os analistas de forma positiva.

Dentre as razões que levaram ao desvio de 2,35 pontos percentuais da meta de 3%, a autoridade monetária elencou a inércia inflacionária dos últimos doze meses, expectativas de inflação, e a inflação importada como os mais impactantes. Além disso, a bandeira tarifária também havia influência significante nesse cálculo.

O Banco Central projetou que a inflação não deve convergir para níveis abaixo do teto até o primeiro trimestre de 2026. A expectativa é de que a inflação permaneça na faixa de 5,4% a 5,5% nos primeiros trimestres do próximo ano, descendendo para 4,2% no final do primeiro trimestre de 2026.

Para controlar a inflação, o Banco Central mantém a Taxa Selic em 15% ao ano, o nível mais elevado desde 2006. A política monetária permanecerá contracionista por um período prolongado, visando restaurar a inflação dentro dos limites desejados. O Comitê de Política Monetária (Copom) estará atento, podendo ajustar a taxa conforme necessário para enfrentar os desafios que possam surgir.

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