À medida que as empresas tentam se adaptar, as estratégias iniciais incluem a gestão de estoques, aceleração dos embarques e até mesmo a redução da produção. No entanto, uma solução mais duradoura pode ser a busca por novos mercados exportadores, um processo que, embora promissor, não oferece resultados imediatos e requer planejamento cuidadoso.
Nesse contexto, uma rede de suporte entre o setor público e privado se torna essencial. Diversos ministérios, como o de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), estão se mobilizando para ajudar as cerca de 2,6 mil empresas que já exportam para os EUA. Durante uma coletiva, o presidente da Apex, Jorge Viana, ressaltou que novos apoios devem ser anunciados em breve, especialmente para setores vulneráveis, como o de produção de mel, que depende fortemente do mercado americano.
Além das iniciativas internas, a Apex planeja abrir um escritório em Washington, que proporcionará uma intermediação direta com o governo norte-americano, aprimorando a negociação e buscando resoluções para os desafios impostos pelas novas tarifas. Viana destacou que a imposição de uma tarifa de 50% não tem respaldo comercial, mas decorre de pressões políticas, e que a Apex deverá multiplicar esforços para diversificar as oportunidades de mercado para os produtos brasileiros.
No tocante aos números, as exportações brasileiras entre janeiro e março deste ano totalizaram US$ 77,3 bilhões em bens, apresentando uma leve queda em relação ao ano anterior, mas com um saldo comercial positivo de US$ 10 bilhões. A concentração das exportações, com 50% voltadas para apenas cinco países, sinaliza um risco significativo, tornando imperativa a busca por novos destinos comerciais.
A adaptação aos novos mercados implica não apenas em questões logísticas, mas também na observância de normas específicas de cada país, o que pode incluir requisitos de certificação e padrões culturais. Com sólidas relações comerciais estabelecidas, como é o caso do Brasil com países do Oriente Médio, a experiência no cumprimento de regulamentações como a certificação Halal se torna um diferencial competitivo.
À medida que o Brasil navega neste novo panorama, a integração entre o conhecimento das demandas locais e a capacidade de adaptação será crucial para garantir a resiliência das suas exportações frente a desafios emergentes.