Desde 2023, o governo federal impôs um limite de 6,5 milhões de passageiros anuais no Santos Dumont com o objetivo de redirecionar a demanda para o Galeão. A medida resultou em um aumento significativo no fluxo de embarques e desembarques neste último, que registrou um aumento de passageiros de 8 milhões para 17 milhões nos últimos dois anos, bem como um acréscimo de 2 milhões de turistas internacionais.
No entanto, essa potencial flexibilização das operações no Santos Dumont gerou descontentamento em diversas esferas. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, expressou seu descontentamento nas redes sociais, argumentando que permitir mais passageiros no terminal central prejudicaria o Galeão, que opera sob concessão privada do grupo Changi. Paes defendeu que o Galeão é crucial tanto para o desenvolvimento da cidade quanto do país, e que a limitação anterior foi uma medida eficaz para fortalecer o terminal.
A Anac respondeu às críticas do prefeito, afirmando ter ficado surpresa com suas declarações. Em comunicado, a agência reiterou que suas ações são realizadas de maneira transparente e documentada, alinhadas às diretrizes do Ministério de Portos e Aeroportos. A Anac destacou que a discussão sobre a flexibilização das operações no Santos Dumont ocorre desde junho de 2025 e é parte de um processo mais amplo de repactuação do contrato de concessão do Galeão.
O Ministério de Portos e Aeroportos reforçou que as negociações em torno do Galeão são parte de um processo de relicitação que culminará em um leilão previsto para março de 2026. Qualquer ampliação da capacidade do Santos Dumont deverá ser feita de forma gradual, respeitando aos interesses públicos.
A distância de 20 quilômetros entre os dois aeroportos é um fator que afeta a escolha de passageiros e empresas, já que o Santos Dumont está situado mais próximo de áreas turísticas. Ademais, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) também expressaram preocupações. Ambas as entidades pedem que não haja desvio de recursos e que as políticas públicas sejam mantidas, alertando para os riscos que uma eventual flexibilização poderia trazer à economia carioca.
O cenário revela uma complexa teia de interesses que envolve a movimentação dos terminais do Rio de Janeiro, e os desdobramentos das decisões da Anac e do governo federal prometem ser um tema de grande relevância para a cidade nos próximos anos.







