ECONOMIA – Alckmin defende que BC desconsidere inflação de alimentos e energia ao definir taxa básica de juros para conter inflação alta.

O presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, fez uma declaração polêmica nesta segunda-feira (24), ao sugerir que o Banco Central desconsidere a inflação de alimentos e energia ao definir a taxa básica de juros, a Selic. A justificativa de Alckmin é baseada no exemplo do banco central dos Estados Unidos, que não inclui esses dois índices no cálculo dos juros básicos da economia americana.

Durante um evento promovido pelo jornal Valor Econômico, Alckmin argumentou que uma taxa de juros elevada como a Selic, atualmente em 14,25% ao ano, pode prejudicar a economia ao tornar o custo do capital muito caro. Ele também ressaltou que os aumentos nos preços de alimentos e energia são impulsionados por fatores externos e de natureza pontual, como eventos climáticos adversos e tensões geopolíticas.

Segundo o ministro, esses eventos impactam os preços de forma significativa, mas não devem ser diretamente considerados na definição da taxa de juros. Ele destacou que medidas mais flexíveis e focadas nos choques de oferta podem ser mais efetivas para reduzir a inflação.

Alckmin também alertou para o impacto do aumento da Selic nas contas públicas, apontando que cada elevação de 1 ponto percentual na taxa básica de juros aumenta a dívida pública em cerca de R$ 48 bilhões. A inflação medida pelo IPCA em fevereiro, puxada pela alta da energia elétrica, ficou em 1,31%, o maior resultado desde 2022.

Diante desse cenário, o Copom decidiu elevar mais uma vez a Selic, em 1 ponto percentual, na reunião da semana passada. O comitê alertou para a necessidade de controlar a demanda aquecida e monitorar a inflação de serviços. Para as próximas reuniões, o Copom indicou que a Selic será elevada em menor magnitude em maio, mas não deu pistas sobre os próximos passos.

A discussão em torno da influência dos alimentos e energia na definição da Selic continua, mostrando a complexidade da política monetária e a necessidade de considerar diversos fatores para garantir a estabilidade econômica.

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