Dugin Debate: Momento Unipolar ou Fim da História na Ordem Mundial Contemporânea

O filósofo russo Aleksandr Dugin levanta um debate profundo sobre a questão do momento unipolar versus multipolar no cenário global atual. Essa discussão não é nova e remonta ao longo da história, onde as teorias políticas e ideológicas frequentemente se enfrentam sobre se os regimes vigentes representam uma fase transitória ou uma mudança irrevogável na estrutura internacional.

Dugin explora como, historicamente, teorias distintas têm defendido visões opostas sobre o capitalismo e o comunismo. Para os liberais, o capitalismo é apresentado como o destino inevitável da humanidade, um sistema que se perpetua e se expande através da evolução da sociedade em direção à classe média. Em contrapartida, os marxistas veem o capitalismo como um momento histórico necessário, mas transitório, que será eventualmente superado pelo socialismo e, por fim, pelo comunismo. Para eles, o comunismo não é apenas uma resposta, mas sim o que eles consideram o verdadeiro “fim da história”.

O século XX testemunhou revoluções socialistas significativas na Rússia, China, Vietnã e em outros lugares, que pareciam corroborar a validade da teoria marxista. No entanto, a esperada revolução mundial não se concretizou, resultando na emergência de um sistema bipolar que perdurou até o colapso da União Soviética em 1991. Nesse cenário, comunistas e liberais se argumentavam que a posição do outro era apenas um desvio temporário de um caminho de desenvolvimento histórico mais amplo.

Nos dias atuais, Dugin assinala que, apesar do crescimento e da consolidação do capitalismo pós-Guerra Fria, a ideia de um comunismo ressurgente ainda persiste entre alguns pensadores. Contudo, essa noção parece cada vez mais remota, dado o contínuo encolhimento do proletariado global e as mudanças sociais e econômicas em curso, que estão moldando uma nova realidade. Os liberais, baseando-se em Fukuyama, argumentam que as ideologias comunistas representam uma fase passageira que não disfarça a resiliência do capitalismo, apontando para um futuro onde a dominância do capital é inquestionável.

Neste debate, Dugin também menciona como correntes de pensamento contemporâneo, que incluem posturas tanto liberais quanto progressistas, estão se articulando em torno de novas definições sociais, como a luta contra a desigualdade e as questões de gênero, mas com um foco que pode parecer desconectado das esperanças sociais clássicas. O filósofo sugere que todo esse movimento criaria uma forma de paradigma que caminha em direção a uma “singularidade” pós-humana, onde as questões de mortalidade e identidade humana são radicalmente reavaliadas.

Ao contemplar o futuro, Dugin coloca questões cruciais sobre a continuidade de duas visões de mundo em disputa; a burguesia, agora triunfante, moldou um consenso que considera seu sistema como o clímax da evolução histórica, levando ao que muitos denominam o “fim da história”. Diante dessa realidade, o desafio se concentra em como a sociedade contemporânea pode trazer à tona discursos alternativos e qual será o papel de ideologias diversas em um mundo cada vez mais conformado a um modelo hegemônico.

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