Dugin explora como, historicamente, teorias distintas têm defendido visões opostas sobre o capitalismo e o comunismo. Para os liberais, o capitalismo é apresentado como o destino inevitável da humanidade, um sistema que se perpetua e se expande através da evolução da sociedade em direção à classe média. Em contrapartida, os marxistas veem o capitalismo como um momento histórico necessário, mas transitório, que será eventualmente superado pelo socialismo e, por fim, pelo comunismo. Para eles, o comunismo não é apenas uma resposta, mas sim o que eles consideram o verdadeiro “fim da história”.
O século XX testemunhou revoluções socialistas significativas na Rússia, China, Vietnã e em outros lugares, que pareciam corroborar a validade da teoria marxista. No entanto, a esperada revolução mundial não se concretizou, resultando na emergência de um sistema bipolar que perdurou até o colapso da União Soviética em 1991. Nesse cenário, comunistas e liberais se argumentavam que a posição do outro era apenas um desvio temporário de um caminho de desenvolvimento histórico mais amplo.
Nos dias atuais, Dugin assinala que, apesar do crescimento e da consolidação do capitalismo pós-Guerra Fria, a ideia de um comunismo ressurgente ainda persiste entre alguns pensadores. Contudo, essa noção parece cada vez mais remota, dado o contínuo encolhimento do proletariado global e as mudanças sociais e econômicas em curso, que estão moldando uma nova realidade. Os liberais, baseando-se em Fukuyama, argumentam que as ideologias comunistas representam uma fase passageira que não disfarça a resiliência do capitalismo, apontando para um futuro onde a dominância do capital é inquestionável.
Neste debate, Dugin também menciona como correntes de pensamento contemporâneo, que incluem posturas tanto liberais quanto progressistas, estão se articulando em torno de novas definições sociais, como a luta contra a desigualdade e as questões de gênero, mas com um foco que pode parecer desconectado das esperanças sociais clássicas. O filósofo sugere que todo esse movimento criaria uma forma de paradigma que caminha em direção a uma “singularidade” pós-humana, onde as questões de mortalidade e identidade humana são radicalmente reavaliadas.
Ao contemplar o futuro, Dugin coloca questões cruciais sobre a continuidade de duas visões de mundo em disputa; a burguesia, agora triunfante, moldou um consenso que considera seu sistema como o clímax da evolução histórica, levando ao que muitos denominam o “fim da história”. Diante dessa realidade, o desafio se concentra em como a sociedade contemporânea pode trazer à tona discursos alternativos e qual será o papel de ideologias diversas em um mundo cada vez mais conformado a um modelo hegemônico.