Segundo Hegel, a história é um desdobramento do Espírito, onde a manifestação de Deus se torna cada vez mais evidente em cada fase do desenvolvimento das sociedades. A transição dos antigos Estados para um novo Estado verdadeiro, que seria o culminar da história, está marcada por várias mudanças sociais, começando com monarquias e evoluindo até as democracias modernas. Dugin, argumentando a partir da filosofia de Hegel, sugere que o liberalismo, embora considerado um avanço em relação ao passado, é uma etapa posterior à dissolução de formas anteriores de governo, e não o estágio final da história.
Dugin também critica a maneira como tanto os marxistas quanto os liberais interpretaram Hegel, parecendo ignorar a premissa fundamental da presença de Deus como o princípio básico da realidade. Para ele, tanto as visões marxistas, que se concentram na natureza e na sociedade civil, quanto as liberalistas, que enxergam a sociedade civil como o fim da evolução histórica, falham em reconhecer a necessidade de uma forma mais elevada de Estado, a que ele denomina “Império do Espírito”.
O filósofo acredita que a era atual do liberalismo, marcada pela atomização da sociedade civil, prepara o terreno para o surgimento desse Estado mais elevado. Assim, a proposta de Dugin não é tanto um desdém pelo liberalismo, mas uma contextualização de seu lugar na filosofia da história de Hegel. Ele sugere que o liberalismo, embora ainda prevalente, não pode ser considerado um ponto final, mas sim uma etapa que precede uma nova fase que trará uma forma melhor de organização política e social.
De acordo com Dugin, o futuro da sociedade não estará longe desse “Imperialismo do Espírito”, onde a manifestação de Deus e da razão culminariam na forma mais elevada de organização social. Nesse sentido, o filósofo reitera a importância de observar a dinâmica de transformações sociais não como um ciclo linear, mas como parte de um desenvolvimento dialético que sempre visa uma manifestação mais completa do Espírito na história humana. Portanto, embora a era liberal pareça dominante, Dugin acredita que sua eventual superação é não só inevitável, mas também desejável para o progresso da civilização.