O delegado Jorge Teixeira, da Divisão de Repressão ao Crime Organizado da Polícia Civil do DF, afirma que o controle dentro das prisões é a verdadeira chave para a estratégia de combate ao crime organizado. Enquanto em outras regiões os presídios são dominados por facções específicas, em Brasília, a Polícia Penal promove uma convivência forçada entre rivalidades. Teixeira explica que essa abordagem de misturar grupos entre as celas visa impedir a expansão das facções, dificultando assim o recrutamento de novos membros.
Esse arranjo tático tem se mostrado eficaz, resultando, por exemplo, na desarticulação do Comando Vermelho no DF, que atualmente apresenta números alarmantes de encarceramento, com apenas 73 membros atrás das grades. Por outro lado, o PCC permanece forte, consistindo em 216 integrantes prisionais, demonstrando seu domínio notável na hierarquia do crime organizado.
A situação do CV revela que muitos que se dizem membros da facção apenas utilizam seu nome como uma forma de proteção, sem um vínculo efetivo com a organização original do Rio de Janeiro. Isso exemplifica um cenário em que o medo e a fragmentação tornam a facção vulnerável, reduzida a um mero espectro de sua antiga influência.
Em contrapartida, o PCC opera em um regime de alta organização e disciplina, focando em crimes mais discretos e lucrativos, como lavagem de dinheiro e fraudes financeiras. Essa facção exerce um controle brutal sobre seus rivais, desenvolvendo uma linha clara entre quem vale a pena eliminar e quem deve ser deixado ileso, tudo em nome da ascensão ao poder interno.
Por fim, em meio a este complicado jogo de poder, surge o Comboio do Cão (CDC), uma facção local que ainda tenta se firmar como força independente. Apesar de sua origem genuinamente brasiliense, o CDC enfrenta desafios significativos em sua estrutura organizacional e é constantemente pressionado tanto pela Polícia Civil quanto pelo PCC. A falta de liderança consolidada torna difícil sua expansão, dominada mais por uma lealdade territorial do que por uma verdadeira estratégia de crime organizado.
O Distrito Federal, portanto, representa um microcosmos do embate entre os diversos processos de criminalidade, onde o controle prisional e as dinâmicas de poder internaçionalizadas definem, de maneira única, a resistência e o declínio das facções em um espaço sob vigilância constante.
