Historicamente, a controvérsia remonta à independência do Uruguai, que na época era a província Cisplatina do Império do Brasil. O tratado de 1851, que visava definir os limites entre os dois países, deixou lacunas, especialmente relacionadas à demarcação da nascente do arroio Invernada. Especialistas afirmam que essa ambiguidades têm alimentado a discordância por décadas. O professor Daniel Rei Coronato, especialista em relações internacionais, comentou que a falta de precisão na fixação da nascente tem sido um ponto central nos argumentos uruguaios, que sustentam que o tratado foi assinado sob pressão militar.
Esse descontentamento histórico do Uruguai em relação ao Brasil também é alimentado por questões como a anexação das Missões Orientais. Apesar das tensões, especialistas acreditam que não há risco iminente de escalada militar entre os dois países, uma vez que tanto Brasil quanto Uruguai possuem uma tradição diplomática sólida. No entanto, o tema é propenso a ser utilizado politicamente, especialmente em épocas eleitorais, envolvendo sectores que fazem questão de reafirmar a soberania nacional.
O desafio da resolução desse impasse, segundo Coronato, pode ser abordado por meio de mediação, arbitragem ou outros instrumentos de diálogo, como os oferecidos por blocos regionais como o Mercosul e a Unasul. Vale destacar que os habitantes da região afligida pela disputa levam suas vidas sem se deixar afetar por essas complicações; muitos se identificam como “doble chapa”, ou seja, mantêm duplo vínculo nacional, tornando a fronteira quase irrelevante em seu cotidiano.
Enquanto Brasília e Montevidéu lidam com acordos formais e documentos, a vida dos moradores locais prossegue, evidenciando que, em última instância, a realidade cotidiana muitas vezes se sobrepõe aos conflitos diplomáticos.