DIREITOS HUMANOS –

Violência Chocante: Namorado é Preso Após Desferir 61 Socos em Juliana em Natal, Levantando Debate sobre Feminicídio no Brasil

No último sábado, a brutalidade de um ataque em Natal, RN, chocou a opinião pública brasileira. Juliana Garcia foi agredida com 61 socos por seu namorado, Igor Cabral, que foi rapidamente preso em flagrante. O incidentes não apenas aterroriza pela gravidade, mas também destaca a alarmante escalada da violência de gênero no Brasil, que continua a ser uma realidade assustadora para muitas mulheres.

A filmagem do crime, realizada por uma câmera no elevador do prédio, revela a vítima indefesa, caída no chão. Especialistas em violência de gênero apontam para a carga simbólica dessa agressão, enraizada em uma cultura machista que visa desumanizar e oprimir as mulheres. Valéria Scarance, promotora de Justiça em São Paulo, enfatiza que agressores frequentemente atacam partes do corpo feminino, como o rosto e os seios, como forma de afirmar controle sobre suas parceiras. A antropóloga Analba Brazão também ressalta que atingir esses pontos é uma forma de demonstrar poder e deixar uma marca visível na vítima.

Não se trata apenas de um incidente isolado. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2024, o Brasil registrou um aumento significativo nos feminicídios, totalizando 1.492 casos — uma média de quatro mortes de mulheres por dia. Esse crescimento, alarmante e revelador, evidencia uma crise contínua na segurança e no bem-estar das mulheres. Mais alarmante ainda é o fato de que muitos desses crimes ocorrem no lar, com a maioria das vítimas sendo assassinadas por seus parceiros ou ex-parceiros.

As tentativas de feminicídio, como a de Juliana, também têm aumentado. Somente no ano passado, foram registradas 3.870 tentativas dessa natureza, representando um crescimento de 19% em relação ao ano anterior. Embora a legislação do Brasil, como a Lei Maria da Penha, tenha contribuído para levar o problema da violência contra a mulher para a esfera pública, a realidade mostra que muitos desses crimes ainda ocorrem em silêncio, longe dos olhos da sociedade.

Uma análise mais profunda revela que a insegurança feminina é agravada por um contexto social que promove discursos de ódio e misoginia, especialmente com a ascensão de movimentos de extrema direita. A pressão social, que por muito tempo manteve a violência dentro dos lares, vem sendo exposta, mas ainda é insuficiente para proporcionar uma mudança real e duradoura.

Pesquisadoras levantam questões cruciais sobre a resposta institucional à violência. No Rio Grande do Norte, por exemplo, a ausência de delegacias especializadas e o acesso limitado à justiça são problemas recorrentes que afetam diretamente a capacidade de mulheres, especialmente aquelas em áreas rurais, de buscar ajuda. Um retrato sombriamente revelador do racismo e machismo é evidente: mais de mil mulheres foram vítimas de feminicídio no estado entre 2013 e 2023, e a maioria delas eram negras.

Para enfrentar esse cenário desolador, especialistas insistem na necessidade de políticas públicas que não apenas abordem os casos de violência, mas que também promovam uma mudança cultural ampla. A educação em gênero e raça nas escolas é uma questão que ainda precisa ser debatida amplamente, e as vozes que se opõem a esse avanço devem ser desafiadas.

Finalmente, o chamado à ação é urgentemente necessário. A Central de Atendimento à Mulher, disponível por meio do Ligue 180, é uma linha de apoio vital, e qualquer pessoa que presencie atos de violência deve agir. O silêncio perpetua a cultura da impunidade. Em uma sociedade que busca igualdade e respeito, cada voz conta na luta contra a violência de gênero.

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