Violência e Descontentamento nas Ruas do Rio de Janeiro: Operação Policial Atinge Níveis Alarmantes
Na terça-feira (28), o Rio de Janeiro foi palco de uma operação policial sem precedentes que mobilizou cerca de 2,5 mil agentes, tanto civis quanto militares. Os complexos do Alemão e da Penha se tornaram os focos de uma ação voltada para a contenção do avanço da facção criminosa Comando Vermelho. As consequências dessa operação se espalharam rapidamente, com barricadas e incêndios nas ruas, bloqueios de vias e impactos diretos no transporte público, nas escolas, universidades e nas unidades de saúde.
Relatos de moradores evidenciam o cenário caótico que se instalou. Fransérgio Goulart, diretor de uma organização que atua pela justiça racial, destaca que os efeitos desiguais da ação policial são visíveis. “Estamos testemunhando uma verdadeira guerra em territórios marcados pela pobreza e pela presença significativa da população negra. O tratamento da polícia na Zona Sul é completamente diferente do que acontece nas favelas”, afirma.
Até o início da noite de terça, foram contabilizadas 64 mortes, envolvendo tanto civis quanto policiais. Esse número elevado torna a operação uma das mais letais da história do estado, levando a questionamentos sobre a legítima proteção da sociedade e a necessidade de uma reavaliação das políticas públicas de segurança. Para Goulart, essa estratégia não só ignora os direitos humanos, como perpetua um ciclo de violência. “Por que essa força letal é empregada de forma tão indiscriminada?”,” pergunta ele, criticando o direcionamento do orçamento público, que este ano está estimado em R$ 19 bilhões para as forças de segurança.
Em um contexto onde a vida da população pobre é comparada à de cidadãos de outras áreas, a crítica se intensifica. Uma nota conjunta de 27 organizações da sociedade civil lamenta que a segurança pública no Rio está ou sendo tratada de forma tão violenta. A mensagem unificada é clara: “Segurança pública não se faz com sangue”, sublinham, reforçando que a abordagem atual falha em oferecer soluções e somente alimenta o ciclo de insegurança.
Adicionalmente, a comunicação entre o governo e a sociedade civil parece estar deteriorada, com apelos por apoio federal em meio às operações. A falta de uma estratégia eficaz no combate a organizações criminosas resulta em ações que, segundo as entidades, não só falham em controlar o crime, mas também geram um estado permanente de insegurança, afetando a vida diária de milhares de pessoas nas comunidades.
Enquanto o debate avança, o clamor por uma abordagem mais humana e eficaz em relação à segurança pública se torna cada vez mais urgente, com um olhar crítico sobre a utilização da força policial e seus desdobramentos trágicos em comunidades vulneráveis.









