O GTI é coordenado pelo deputado estadual Eduardo Suplicy e pela vereadora Luna Zarattini, ambos do PT. Amanda Amparo, assessora de Suplicy e uma das coordenadoras do relatório, destaca a abrangência da iniciativa, considerando-a a mais ampla até hoje dedicada à discussão sobre a Cracolândia. Em suas palavras, o documento representa um esforço coletivo que envolve a participação de diversos setores: de parlamentares a representantes de organizações da sociedade civil, pesquisadores e, crucialmente, pessoas impactadas por políticas públicas na região.
O relatório é o produto de sete reuniões que ocorreram na Assembleia Legislativa de São Paulo e na Câmara Municipal. Esses encontros abordaram as estratégias do poder público para a zona, além de análises das atuações das secretarias competentes e as percepções de moradores e trabalhadores locais. A pesquisadora Amparo ressalta o potencial do relatório como uma ferramenta que pode ajudar a desenvolver soluções mais efetivas para os desafios enfrentados na Cracolândia.
No entanto, a análise da situação atual não é alentadora. O promotor de Justiça Arthur Pinto Filho, que também integra o GTI, considera que a Cracolândia atravessa um de seus piores momentos, responsabilizando a confluência de políticas inadequadas dos governos estadual e municipal pela degradação da região. Segundo ele, as intervenções, que incluem a atuação da Guarda Civil Municipal e internações forçadas, têm contribuído para um ambiente de violência e desamparo.
Um dos aspectos mais críticos abordados no relatório é o racismo estrutural, que, segundo Amanda, é um fator determinante na condição de exclusão que afeta a população da região. A análise dos dados coletados pelo GTI revela que a maioria dos indivíduos impactados é de pessoas negras, que enfrentaram um histórico de preconceitos raciais. Um dos pontos centrais do relatório é a recomendação de que o racismo seja reconhecido como um eixo transversal nas políticas públicas voltadas para a área.
A proposta do GTI visa não apenas atender às condições imediatas de saúde e segurança, mas também considerar a moradia como um fator essencial para a reintegração social. A perspectiva de redução de danos é citada como uma abordagem que pode trazer melhores resultados, ao permitir que indivíduos que usam substâncias psicoativas consigam ter uma vida minimamente organizada, aumentando suas chances de reintegração.
Amanda Amparo enaltece a importância de que as autoridades levem em consideração as sugestões do relatório para uma abordagem mais integrada e eficaz. Apesar das boas intenções do Programa Redenção, as políticas de internação e controle social não têm se mostrado suficientes para enfrentar as raízes do problema. O desafio agora está em traduzir essas diretrizes em ações concretas que realmente transformem a realidade da Cracolândia.