O gerente de Monitoramento e Avaliação do Itaú Educação e Trabalho, Diogo Jamra, destaca que o perfil desses indivíduos demanda uma abordagem mais eficaz do programa Educação de Jovens e Adultos (EJA). Segundo ele, é fundamental que as políticas educacionais contemplem esse público marginalizado, que frequentemente é “empurrado para fora” das iniciativas governamentais devido a um histórico de exclusão racial.
As dificuldades enfrentadas por jovens para concluir a educação na idade certa estão intimamente ligadas à necessidade de emprego. Para muitos, a urgência de gerar renda se sobrepõe ao desejo de concluir os estudos, o que evidencia a necessidade urgente de articular políticas que atendam a essa demanda. Jamra menciona programas como o Pé-de-Meia, que buscam aliviar a carga financeira de famílias em situação de vulnerabilidade, como uma estratégia para manter os jovens na escola.
A pesquisa revela que a formalização no mercado de trabalho e a melhoria na renda são mais acessíveis para aqueles que conseguem concluir a EJA. Para jovens entre 19 e 29 anos, o impacto da conclusão do diploma pode aumentar as chances de emprego formal em 7 pontos percentuais, além de elevar a renda mensal em 4,5%. Dentre os jovens de 19 a 24 anos, esses números são ainda mais impressionantes, com um aumento de 9,6 pontos percentuais na formalização de empregos.
A evasão escolar é mais comum entre jovens que não se adequam ao ritmo do ensino regular e se tornam vulneráveis a fatores como atraso escolar, gênero, e condições socioeconômicas. O estudo sugere que a EJA precisa ser repensada, e que as metodologias pedagógicas devem se adequar ao perfil e às necessidades desse público, especialmente em áreas rurais.
A urgência em reforçar essas políticas públicas é indiscutível. Jamra enfatiza que é preciso garantir um espaço central para a EJA nas discussões de políticas educacionais. Isso demandará maior investimento e inovação, para que a educação se torne uma ponte para a dignidade e oportunidades melhores para os jovens brasileiros. O fortalecimento das iniciativas que ligam a EJA à Educação Profissional e Tecnológica pode não apenas facilitar a conclusão dos estudos, mas também preparar esses indivíduos para um mercado de trabalho mais justo e inclusivo.