DIREITOS HUMANOS – Racismo atinge 16% das crianças até 6 anos no Brasil, com creches e pré-escolas sendo os principais locais dos casos, revela pesquisa recente.

Uma pesquisa recente revelou que no Brasil, aproximadamente uma em cada seis crianças de até seis anos foi alvo de racismo, com as creches e pré-escolas sendo os principais locais onde esses episódios ocorrem. O estudo, que analisou a realidade da primeira infância no país, foi realizado com 2.206 pessoas, incluindo 822 responsáveis por crianças nessa faixa etária, e levantou dados preocupantes sobre a discriminação racial vivida por esses pequenos.

Os resultados indicam que 16% dos responsáveis relataram que suas crianças passaram por experiências racistas. A incidência é ainda maior entre aqueles responsáveis com pele preta ou parda, onde essa percepção chega a 19%, comparada a apenas 10% no caso de responsáveis brancos. Quando analisada por faixa etária, a pesquisa mostra que 10% dos cuidadores de crianças até três anos relataram episódios de racismo, enquanto esse número sobe para 21% entre crianças de quatro a seis anos.

As creches e pré-escolas, segundo os dados, foram apontadas por 54% dos entrevistados como os locais onde as crianças enfrentaram racismo, sendo 61% na pré-escola e 38% nas creches. Além disso, 42% dos responsáveis afirmaram que a discriminação ocorreu em espaços públicos, como ruas e praças, enquanto 20% mencionaram a vizinhança, e 16% relataram que esses episódios ocorreram no seio familiar.

A CEO de uma organização que promove a causa da infância ressaltou a importância do ambiente escolar como o primeiro espaço de socialização, enfatizando que as instituições de ensino deveriam ser locais de proteção e desenvolvimento. A pesquisa revela que a suposta raridade do racismo na primeira infância é uma visão equivocada, com 63% dos responsáveis reconhecendo que crianças de pele preta e parda são tratadas de forma desigual devido a suas características físicas.

A pesquisa também analisa os impactos que essa experiência pode ter no desenvolvimento infantil, considerando o racismo como uma forma de experiência adversa que pode levar a estresse tóxico, afetando a saúde física e mental das crianças. A educação infantil é vista como uma oportunidade crucial para prevenção e proteção contra a discriminação, sendo essencial que todos os profissionais envolvidos sejam capacitados para lidar com questões de etnicidade e raça.

Dada a gravidade do problema, as instituições têm a responsabilidade de implementar protocolos eficazes para lidar com esses casos e garantir que todos os envolvidos, desde educadores até a gestão educacional, estejam preparados para combater o racismo e promover um ambiente seguro e inclusivo. O reconhecimento do racismo como crime, conforme a legislação brasileira, e a importância de registrar denúncias são pontos fundamentais para o enfrentamento dessa questão social.

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