O estudo do Instituto Sou da Paz indica que a maioria dos crimes é motivada por questões relacionadas a separações. Esse dado acende um alerta sobre a necessidade de entender e atuar preventivamente nas dinâmicas de violência doméstica que frequentemente culminam em tragédias.
Outro ponto preocupante destacado pelo levantamento foi a relação entre o aumento dos casos de feminicídio e os cortes orçamentários anunciados em 2023, que afetaram as delegacias de defesa das mulheres. A pesquisadora do instituto, Natália Pollachi, enfatiza a necessidade urgente de investimentos, em vez de cortes, para combater a crescente violência contra a mulher. “Os feminicídios estão aumentando. Ao invés de ter um corte nesse orçamento, a gente precisava ter um aumento do investimento para abrir mais delegacias, que funcionem aos fins de semana, no período noturno, quando há maior vitimização de mulheres”, avalia Pollachi.
Em contraponto, a Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo afirmou, em nota, que o combate à violência contra a mulher é uma das prioridades da gestão. A secretaria destacou a ampliação dos canais e estruturas de atendimento deste tipo de crime no estado, mencionando a expansão das Salas de Delegacia de Defesa da Mulher para atendimento 24 horas por dia nos plantões policiais.
Outro recurso citado pela secretaria é o monitoramento dos acusados de violência doméstica através de tornozeleiras eletrônicas, após a audiência de custódia. Este mecanismo tem permitido a prisão de agressores que descumprem as medidas protetivas e se aproximam das vítimas, com 30 prisões registradas desde a implementação do sistema.
Para facilitar a denúncia e proteção das vítimas, o estado oferece o aplicativo SP Mulher e a Cabine Lilás, um espaço exclusivo dentro do Centro de Operações da Polícia Militar. Ambos os recursos visam proporcionar um ambiente mais seguro e acolhedor para as mulheres denunciarem a violência sofrida.
Os dados e declarações deste levantamento reforçam a necessidade de políticas públicas eficazes e de maior investimento em segurança e proteção para as mulheres, especialmente em suas próprias casas, que deveriam ser um lugar de refúgio.