Os manifestantes, empunhando bandeiras e usando camisetas e adesivos alusivos à causa, marcharam até a sede da prefeitura. Durante o percurso, um carro de som amplificou as vozes das lideranças que exigiam que os governos municipal e estadual abrissem mesas de negociação. As críticas às ações policiais na remoção de famílias de ocupações foram contundentes, destacando o temor de um aumento nas operações truculentas, que frequentemente desrespeitam os direitos dos moradores.
A emergência do tema da habitação ganhou força após a desocupação da Favela do Moinho, uma área que o governo estadual planeja transformar em um parque e em uma nova estação da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Após a forte pressão da comunidade, um acordo foi firmado entre o governo federal e a administração municipal, que garantiu financiamento para que os antigos moradores adquirissem imóveis de até R$ 250 mil, desde que os direitos dos ocupantes fossem respeitados.
Outro exemplo de vulnerabilidade habitacional é a situação da comunidade do Jardim Pantanal, que enfrentou devastação parcial ou total de suas residências devido a enchentes. Além disso, moradores relataram episódios de violência ao tentarem realizar o cadastro para obter assistência do governo.
Entrevistamos Maria dos Remédios Gomes, uma moradora da Ocupação Jorge Hereda, que surgiu durante a pandemia. Ela compartilhou sua jornada, desde o aluguel que não conseguiu mais pagar até sua atual residência, que abriga ela e sua filha de 35 anos. Após 40 anos vivendo em São Paulo, Maria expressou a esperança de um futuro melhor. “Quero ter minha casa própria, porque viver em ocupação não é bom para ninguém. Tenho medo de tudo”, disse, sinalizando seu desejo por estabilidade e segurança em sua vida.