DIREITOS HUMANOS – Protesto em São Paulo clama por direito à moradia digna e contra despejos coercitivos de comunidades vulneráveis, após desmanche da Favela do Moinho.

Na última quarta-feira, 11 de outubro, centenas de manifestantes tomaram as ruas do centro de São Paulo em um protesto que reforçou a luta pelo direito à moradia e contra práticas de despejo forçado. O ato contou com a presença de integrantes de diferentes movimentos sociais, incluindo o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), o Movimento pelo Direito à Moradia (MDM), e a União dos Movimentos de Moradia de São Paulo. O evento também teve apoio da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam) e da campanha Despejo Zero.

Os manifestantes, empunhando bandeiras e usando camisetas e adesivos alusivos à causa, marcharam até a sede da prefeitura. Durante o percurso, um carro de som amplificou as vozes das lideranças que exigiam que os governos municipal e estadual abrissem mesas de negociação. As críticas às ações policiais na remoção de famílias de ocupações foram contundentes, destacando o temor de um aumento nas operações truculentas, que frequentemente desrespeitam os direitos dos moradores.

A emergência do tema da habitação ganhou força após a desocupação da Favela do Moinho, uma área que o governo estadual planeja transformar em um parque e em uma nova estação da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Após a forte pressão da comunidade, um acordo foi firmado entre o governo federal e a administração municipal, que garantiu financiamento para que os antigos moradores adquirissem imóveis de até R$ 250 mil, desde que os direitos dos ocupantes fossem respeitados.

Outro exemplo de vulnerabilidade habitacional é a situação da comunidade do Jardim Pantanal, que enfrentou devastação parcial ou total de suas residências devido a enchentes. Além disso, moradores relataram episódios de violência ao tentarem realizar o cadastro para obter assistência do governo.

Entrevistamos Maria dos Remédios Gomes, uma moradora da Ocupação Jorge Hereda, que surgiu durante a pandemia. Ela compartilhou sua jornada, desde o aluguel que não conseguiu mais pagar até sua atual residência, que abriga ela e sua filha de 35 anos. Após 40 anos vivendo em São Paulo, Maria expressou a esperança de um futuro melhor. “Quero ter minha casa própria, porque viver em ocupação não é bom para ninguém. Tenho medo de tudo”, disse, sinalizando seu desejo por estabilidade e segurança em sua vida.

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