Diante dessa preocupante realidade, o governo do estado lançou o programa “Nós+Seguras”, que visa implementar ações educativas nas comunidades escolares com o objetivo de prevenir a violência de gênero. A superintendente de Enfrentamento às Violências da Secretaria de Estado da Mulher, Giulia Luz, explicou que o programa envolverá profissionais da rede de proteção, que atuam em atendimento especializado para meninas e mulheres.
O programa também se dedica ao desenvolvimento de materiais pedagógicos, que servirão de suporte para professores e diretores na formação e interação com os alunos. Luz enfatizou a importância de discutir temas como masculinidade saudável, consentimento e relações respeitosas, sugerindo que esses assuntos deveriam fazer parte do currículo escolar de forma contínua.
Coordenado pelas secretarias de mulher, educação e saúde, a iniciativa será realizada em parceria com a Organização Não Governamental Serenas. Amanda Sadalla, diretora da ONG, destacou que o programa surge a partir de um pedido dos alunos. “As meninas demonstram interesse em conhecer seus direitos e as leis que garantem sua proteção. É um sinal de que desejam se conscientizar sobre suas situações”, expressou.
Além disso, os meninos também se mostraram receptivos às discussões sobre mudar seus comportamentos. Muitos deles manifestaram a vontade de ser “homens diferentes” de seus pais, que, em muitos casos, foram associados a relações tóxicas ou violentas. Ao serem questionados sobre como poderiam aprender a se relacionar de maneira mais saudável, muitos afirmaram que gostariam de abordar esse tema na escola.
A primeira fase do programa envolverá um diagnóstico das condições em que as escolas operam, com o objetivo de fundamentar a criação dos materiais pedagógicos e das ações de formação. Há a expectativa de que esses materiais sejam entregues aos profissionais da educação até o fim do ano, além da oferta de um curso online a ser lançado no ano seguinte. Com essa proposta, o governo busca não apenas combater a violência de gênero, mas também promover uma transformação cultural nas relações entre estudantes.