Barroso alertou para a urgência em enfrentar a pobreza extrema e as desigualdades injustas, enfatizando a necessidade de justiça, maior renda e um sistema de tributação capaz de redistribuir a riqueza. O presidente do STF destacou que a imensa desigualdade abre caminho para a ascensão de populismos autoritários e antipluralistas, o que representa um perigo para a democracia.
Em uma democracia sólida, não deve haver espaço para divisões entre “nós” e “eles”. Barroso ressaltou que uma democracia é formada por um povo plural, onde há espaço para diferentes correntes de pensamento conviverem com respeito e consideração mútua. A capacidade de colocar ideias sobre a mesa sem desqualificar e ofender as outras pessoas é essencial para alcançar um avanço civilizatório e uma libertação espiritual. Esses são valores que precisam ser resgatados no Brasil.
Barroso também abordou o tema da tecnologia, enfatizando que a inteligência artificial (IA) traz promessas, mas também requer uma abordagem ética e princípios para garantir que seu avanço sirva à humanidade. Ele defendeu a regulação das plataformas digitais, argumentando que é necessário ter cuidado para evitar que a IA tome decisões em nosso lugar.
O presidente do STF destacou também a importância da regulamentação das plataformas sob uma perspectiva econômica, para garantir uma tributação justa, evitar a dominação de mercados, proteger direitos autorais e a privacidade das pessoas. Além disso, Barroso ressaltou a necessidade de evitar comportamentos inautênticos e combater a pedofilia, venda de armas e o racismo nas redes sociais.
Outro tema abordado por Barroso foi a mudança climática. Ele alertou para os problemas reais que todos enfrentarão devido ao aquecimento global e às mudanças climáticas, apesar do posicionamento contrário dos negacionistas. Barroso ressaltou a importância de preservar a Amazônia, pois sua proteção é fundamental para a preservação do planeta como um todo. O presidente do STF salientou que a preservação ambiental e a agricultura não são incompatíveis, e que o Brasil deve assumir a liderança na preservação da Amazônia e investir na bioeconomia.
Barroso encerrou seu discurso enfatizando que, em uma democracia, nenhum tema deve ser considerado tabu. Ele reiterou sua disposição para o debate e seu compromisso em buscar soluções para os desafios que o Brasil enfrenta.