DIREITOS HUMANOS – Presença de trabalhadores negros no comércio exterior aumenta, mas desigualdade persiste, aponta estudo do Ministério do Desenvolvimento.

A presença de trabalhadoras e trabalhadores negros e pardos nas empresas de comércio exterior vem crescendo gradualmente nos últimos anos, de acordo com um estudo realizado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). Os resultados do estudo, divulgados nesta quinta-feira (7), revelam um aumento significativo no percentual de negros e negras contratados por firmas exportadoras e importadoras, passando de 34% para 41% e de quase 40% para aproximadamente 48%, respectivamente, entre 2011 e 2021.

No entanto, a desigualdade racial ainda é evidente no setor, principalmente quando se trata de cargos de liderança. Nas empresas exportadoras, os trabalhadores negros ocupavam cerca de 20% das vagas de direção e gerência em 2021, enquanto nas importadoras essa proporção não ultrapassava os 34%. Em comparação com empresas que não atuam no comércio exterior, a discrepância é ainda mais notável, com apenas 23,6% de trabalhadores negros em cargos de direção e 34,5% em cargos de gerência.

O coordenador-geral de estudos de comércio exterior do Mdic, Diego de Castro, destacou a disparidade salarial entre trabalhadores negros e brancos, ressaltando que um trabalhador negro recebia, em média, 61% do salário de um empregado branco que desempenhasse as mesmas funções. Além disso, as mulheres, mesmo enfrentando discriminação de gênero, recebiam salários menores em comparação com homens do mesmo grupo racial.

Diante desses dados alarmantes, o vice-presidente da República e ministro do Mdic, Geraldo Alckmin, em parceria com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, lançaram o programa federal Raízes Comex. Esse programa visa estimular a contratação de mais trabalhadores negros pelas empresas importadoras e exportadoras, ampliando a visibilidade internacional de produtos e serviços brasileiros oferecidos por empreendedores negros. Também será lançado o 1º Prêmio de Inclusão e Diversidade Racial no Comércio Exterior, destinado a empresas com representatividade negra em cargos de direção.

Essas iniciativas buscam promover a diversidade racial no setor de comércio exterior, visando não apenas a igualdade de oportunidades, mas também o reconhecimento e valorização da diversidade no ambiente de trabalho. Com o apoio de entidades parceiras, o programa Raízes Comex pretende impulsionar a presença de empreendedores e profissionais negros nesse mercado competitivo, contribuindo para uma maior representatividade racial e uma sociedade mais justa e inclusiva.

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