DIREITOS HUMANOS – Prefeito de Cuiabá é acusado de autoritarismo após expulsar professora por uso de pronomes neutros em conferência de saúde, gerando forte repúdio de organizações sociais.

Na última quarta-feira, a 15ª Conferência Municipal de Saúde de Cuiabá foi marcada por um episódio polêmico que gerou forte reação de várias organizações sociais e de defesa dos direitos humanos. O prefeito Abílio Brunini foi alvo de críticas após a saída da professora e doutora em saúde pública Maria Inês da Silva Barbosa do evento, provocada por uma discussão acalorada que se seguiu ao uso de pronomes neutros durante sua apresentação.

Maria Inês, uma referência no debate sobre racismo e saúde, utilizou pronomes neutros em sua palestra, uma escolha que, segundo ela, busca promover um tratamento igualitário a todos os pacientes. No entanto, essa abordagem foi recebida com desagrado por Brunini, que classificou a utilização dos pronomes como “doutrinação ideológica”. Após um intercâmbio de palavras, a professora acabou deixando a conferência, sob a ameaça do prefeito de que seria expulsa.

Diversas entidades manifestaram repúdio à atitude do prefeito, acusando-o de agir de forma antidemocrática e autoritária. A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) expressou solidariedade a Maria Inês e caracterizou o episódio como um reflexo de preconceitos e violências arraigados na sociedade brasileira. A nota enfatizou que a liberdade de expressão e a inclusão de identidades são fundamentais para uma sociedade justa.

A Rede de Mulheres Negras do Nordeste, por sua vez, também se posicionou contra o comportamento do prefeito, afirmando que o silenciamento de vozes como a da professora não deve ser aceito. O Odara – Instituto da Mulher Negra, com uma trajetória de defesa dos direitos das mulheres negras, denunciou a atitude do prefeito como racista e misógina.

Esse acontecimento vem à tona em um contexto de crescente polarização política no Brasil, e as reações a ele destacam uma preocupação coletiva com a liberdade de expressão e os direitos das minorias. A diversidade e a luta por direitos igualitários estão no cerne do debate, e a pressão sobre os governantes para que respeitem essas questões é cada vez mais urgente.

A prefeitura de Cuiabá, em nota, justificou sua posição ao afirmar que não permitirá o uso de linguagem neutra em eventos oficiais, alegando um compromisso com a norma culta da língua portuguesa e a neutralidade ideológica. Essa postura, no entanto, foi amplamente criticada por várias organizações que entendem que tal atitude não condiz com os direitos humanos e a promoção da diversidade.

Esse episódio não apenas coloca em evidência o desafio da inclusão e do respeito às diferentes identidades dentro das políticas públicas, mas também ressalta a importância de um debate aberto e democrático que considere todas as vozes na sociedade.

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