Maria Inês, uma referência no debate sobre racismo e saúde, utilizou pronomes neutros em sua palestra, uma escolha que, segundo ela, busca promover um tratamento igualitário a todos os pacientes. No entanto, essa abordagem foi recebida com desagrado por Brunini, que classificou a utilização dos pronomes como “doutrinação ideológica”. Após um intercâmbio de palavras, a professora acabou deixando a conferência, sob a ameaça do prefeito de que seria expulsa.
Diversas entidades manifestaram repúdio à atitude do prefeito, acusando-o de agir de forma antidemocrática e autoritária. A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) expressou solidariedade a Maria Inês e caracterizou o episódio como um reflexo de preconceitos e violências arraigados na sociedade brasileira. A nota enfatizou que a liberdade de expressão e a inclusão de identidades são fundamentais para uma sociedade justa.
A Rede de Mulheres Negras do Nordeste, por sua vez, também se posicionou contra o comportamento do prefeito, afirmando que o silenciamento de vozes como a da professora não deve ser aceito. O Odara – Instituto da Mulher Negra, com uma trajetória de defesa dos direitos das mulheres negras, denunciou a atitude do prefeito como racista e misógina.
Esse acontecimento vem à tona em um contexto de crescente polarização política no Brasil, e as reações a ele destacam uma preocupação coletiva com a liberdade de expressão e os direitos das minorias. A diversidade e a luta por direitos igualitários estão no cerne do debate, e a pressão sobre os governantes para que respeitem essas questões é cada vez mais urgente.
A prefeitura de Cuiabá, em nota, justificou sua posição ao afirmar que não permitirá o uso de linguagem neutra em eventos oficiais, alegando um compromisso com a norma culta da língua portuguesa e a neutralidade ideológica. Essa postura, no entanto, foi amplamente criticada por várias organizações que entendem que tal atitude não condiz com os direitos humanos e a promoção da diversidade.
Esse episódio não apenas coloca em evidência o desafio da inclusão e do respeito às diferentes identidades dentro das políticas públicas, mas também ressalta a importância de um debate aberto e democrático que considere todas as vozes na sociedade.