De acordo com informações oficiais da Polícia Militar, os irmãos foram baleados após, supostamente, trocarem tiros com os agentes do Batalhão de Choque que realizavam patrulhamento na região. A PM afirma que o veículo em que os irmãos estavam foi avistado em alta velocidade e que, ao tentarem evadir-se, dispararam contra os policiais. Durante a fuga, o carro atolou em uma área de mata, onde os irmãos, armados, supostamente continuaram a disparar contra os agentes, levando à troca de tiros.
Entretanto, a versão apresentada pela PM foi contestada por representantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que alegaram que a abordagem ocorreu em um momento em que os sem-terra já estavam deixando as propriedades, conforme determinação judicial. O assessor agrário da CPT, Josep Iborra, mais conhecido como Zezinho, descreveu a situação como uma “caçada humana”, onde as famílias foram forçadas a abandonar seus pertences e se esconder em áreas adjacentes, sem alternativas viáveis para a moradia.
Zezinho ainda destacou que, apesar de a desocupação da fazenda ter sido realizada pacificamente, muitas famílias permanecem nas proximidades, dispersas e vulneráveis. Ressaltou também que houveram falhas nos procedimentos legais, como a ausência de um plano de desocupação, como exigido por normativas do Conselho Nacional de Justiça.
A situação jurídica das terras é complexa; os sem-terra alegam que as propriedades são fruto de grilagem e que a ocupação começou sem notificações adequadas. A resposta da Polícia Militar sustentou, por sua vez, que agiu para preservar a ordem pública e garantir a segurança durante a operação.
O incidente levanta muitos questionamentos sobre o tratamento dos direitos das populações sem-terra no Brasil e como as intervenções policiais são realizadas em contextos de disputa agrária, um tema frequentemente reduzido a conflitos violentos. As reações à tragédia continuam a ressoar, com múltiplas vozes pedindo investigação e esclarecimento sobre as circunstâncias das mortes e os procedimentos adotados pela polícia durante a operação. Os advogados do grupo Di Genio também se pronunciaram, afirmando que as invasões às suas propriedades têm sido constantes, exigindo intervenções legais para proteger suas terras produtivas.
Esse evento trágico expõe a complexidade e a tensão que cercam a questão da reforma agrária no Brasil, onde os direitos de propriedade, a luta por justiça social e a necessidade de segurança pública frequentemente colidem. As consequências desse conflito reverberam não apenas nas vidas perdidas, mas também nas comunidades afetadas e na luta contínua por terras e direitos na região.
