DIREITOS HUMANOS –

Pessoas negras enfrentam desigualdade em Brasília, revelam jovens ativistas em pesquisa sobre discriminação racial e falta de políticas públicas

Desigualdade e Racismo Ambiental: Um Retrato da Realidade nas Periferias do Distrito Federal

No contexto atual, o rap se torna uma potente manifestação artística e social, refletindo as preocupações de jovens de regiões periféricas do Distrito Federal. Com versos que denunciam as desigualdades e a discriminação racial, jovens conhecidos como Pajé, Camila MC e Nerd do Gueto, trazem à luz as realidades de comunidades frequentemente negligenciadas.

Essas expressões artísticas são parte integrante da pesquisa intitulada “Mapa das Desigualdades”, que será divulgada no dia 10 de dezembro, data alusiva aos Direitos Humanos. O trabalho é fruto de uma colaboração entre 30 jovens ativistas, coordenados pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), e tem como objetivo evidenciar as disparidades no acesso a políticas públicas em Brasília, com destaque para a intersecção entre racismo e desigualdade.

A análise baseia-se em dados coletados, gráficos e, principalmente, nas experiências pessoais vividas pelos jovens participantes, que enfrentam diariamente a escassez de serviços públicos básicos. Um dos pontos cruciais observados ao longo da pesquisa é a discrepância entre áreas como Lago Sul, predominantemente branca e rica, e Itapoã, uma comunidade com alta concentração de população negra e imensas dificuldades de acesso a infraestrutura essencial, como creches, hospitais e saneamento básico.

Markão Aborígine, educador social do Inesc, ressalta que o Mapa das Desigualdades foi elaborado quase que integralmente pelos jovens, que trouxeram suas experiências diretas e vivências para o projeto. Ele afirma que a juventude é a mais afetada por essa realidade desigual, traduzindo suas frustrações em música e arte. Além disso, a pesquisa mostra que enquanto 98% da população do Plano Piloto tem acesso a áreas verdes, apenas 34% do Itapoã tem essa mesma oportunidade.

Outro pesquisador, Victor Queiroz, destacou a problemática do transporte público, que se mostra ineficiente e superlotado, refletindo uma realidade angustiante para quem vive nas periferias. A falta de um sistema de transporte adequado não só dificulta a locomoção e o acesso a oportunidades de emprego e educação como também gera um impacto emocional significativo.

As autoridades, por sua vez, reconhecem esse histórico de desigualdades e afirmam que medidas estão sendo tomadas para mitigar a situação. A Secretaria de Desenvolvimento Social do Distrito Federal reporta um aumento significativo nos investimentos voltados para a proteção social, alegando estar atenta às necessidades das comunidades periféricas.

No entanto, os jovens reivindicam que as ações precisam ser mais efetivas e que as promessas do governo não refletem a realidade que vivenciam. A luta pela conscientização e justiça social continua sendo uma prioridade nas vozes emergentes das comunidades de Brasília. Em tempos de emergência climática e desigualdades raciais, o chamado à ação se torna cada vez mais urgente.

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