A advogada criminalista, Lorena Pontes, critica a abordagem atual, que considera infundada ao se basear apenas na letalidade. “O crime organizado possui uma estrutura multifacetada, com redes sociais e econômicas consolidadas. Para atacar suas raízes, são necessárias políticas integradas que envolvam prevenção social e articulação eficaz entre as esferas federal, estadual e municipal”, afirma. Esse tipo de operação pode resultar em excessos e violações de direitos humanos, dada a autonomia histórica das polícias no Rio de Janeiro.
Além da letalidade, a operação causou interrupções significativas na rotina da cidade. Menos de 24 horas após sua execução, a Prefeitura do Rio informou que 35 vias, que haviam sido bloqueadas, estavam sendo liberadas e o trânsito estava voltando ao normal. No entanto, para o advogado Bruno Medeiros Durão, as repercussões vão muito além do tráfego. Ele alerta que o fechamento de vias e a suspensão de serviços trazem consequências fiscais severas, resultando em perdas tributárias significativas para o estado e o município.
Durão, especialista em Direito Tributário, observa que essas operações impactam negativamente o ecossistema econômico da cidade, prejudicando a criação de empregos e a atração de investimentos. “A instabilidade crônica gera um ônus para o contribuinte em custos emergenciais de segurança. Uma paz social é fundamental para o desenvolvimento econômico, sendo essa uma área em que o Rio de Janeiro tem falhado constantemente”, destaca. Um estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e do Banco Internacional de Desenvolvimento (BID) revela que o estado perde cerca de R$ 11,5 bilhões anualmente devido à violência, o que equivale a 0,9% do seu Produto Interno Bruto (PIB).
Esses dados reafirmam a urgência de um novo olhar sobre as estratégias de segurança pública, que vão além de operações meramente repressivas, buscando uma abordagem mais efetiva e humanizada na luta contra o crime.
