Familiares de vítimas têm relatado experiências traumáticas. Uma mulher de 23 anos, que preferiu permanecer anônima, descreveu um episódio perturbador, em que policiais entraram em sua casa e realizaram perguntas invasivas, complementadas por comentários depreciativos sobre sua aparência. Em outro caso, uma manicure relatou que foi acordada de forma brusca por policiais armados em sua residência, sendo alvo de intimidações e ameaças enquanto eles reviravam seu espaço pessoal.
Os ouvidos e observadores da Ouvidoria documentaram que a operação impactou severamente a dinâmica social da comunidade, com o fechamento de escolas, clínicas de saúde e outros serviços sociais essenciais, deixando crianças sem aulas e prejudicando o acesso a atendimento médico. Segundo os relatos, houve uma evidente deterioração das condições de vida, acentuada pela falta de coleta de lixo e interrupções no fornecimento de energia elétrica.
Ademais, o relatório destaca várias outras violações de direitos humanos, incluindo assaltos a propriedades, torturas e execuções. Moradores relatam que a força policial não respeitou nem mesmo as crianças ou os idosos, operando sob a premissa de que todos são traficantes. Dentre os relatos, há também mencões de desaparecimentos de adolescentes e mortes de pessoas inocentes, alimentando um clima de medo crescente na população local.
A Ouvidoria propõe uma série de medidas para mitigar essas violências, como mecanismos de controle mais eficazes sobre as ações policiais e a independência das investigações relacionadas a atos de violência perpetrados por agentes do Estado. A necessidade urgente de um suporte psicossocial para as famílias afetadas e o investimento em políticas públicas específicas para a população das favelas também foram enfatizadas.
Por sua vez, a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro confirmou que houve 121 mortes durante a operação, incluindo os de quatro policiais e 117 civis, e que a ação tinha como alvo o Comando Vermelho, uma facção criminosa atuante na região. Contudo, a preocupação com a forma como a operação foi conduzida e suas repercussões na comunidade continua a ser um ponto central de discussão.
Agora, muitos se perguntam quais passos concretos serão dados para garantir o respeito aos direitos humanos e evitar que operações semelhantes possam causar ainda mais trauma e injustiça nas comunidades cariocas.
