Com estes últimos resgates, o total de trabalhadores flagrados em situação análoga à escravidão desde a criação dos grupos de fiscalização móvel em 1995 subiu para 63,4 mil. Vale ressaltar que o trabalho no campo ainda lidera o número de resgates, principalmente nas atividades de cultivo de café e plantio de cana-de-açúcar.
Por trás das estatísticas alarmantes, estão histórias de abuso nos campos e nas cidades, que evidenciam a recorrência do trabalho análogo à escravidão no Brasil. De fábricas improvisadas a casas de alto padrão, os crimes continuam sendo cometidos.
Entrevistada pela TV Brasil em março do ano passado, uma trabalhadora idosa resgatada relatou 30 anos sem ganhar salário e sofrer abusos. No entanto, ela acabou falecendo antes de receber qualquer indenização da Justiça. Outra trabalhadora, que ainda aguarda indenização, contou que sofria de abusos verbais e racistas, inclusive por parte dos empregadores.
Um dos principais problemas enfrentados para que os casos de trabalho escravo sejam combatidos é a carência de auditores fiscais. A falta de pessoal é reconhecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, que destaca o número reduzido de auditores fiscais do trabalho na ativa. No entanto, o governo conseguiu aumentar o número de resgates, mesmo com essa restrição de recursos humanos.
É fundamental que medidas sejam tomadas para garantir que situações de trabalho análogo à escravidão sejam combatidas e, principalmente, prevenidas no Brasil. A proteção dos direitos dos trabalhadores deve ser uma prioridade e exige um esforço conjunto das autoridades e da sociedade como um todo.