Rodrigo “Kiko” Afonso, diretor executivo da Ação da Cidadania, destaca a relevância do trabalho que a organização realiza. Ele menciona que, todos os anos, levam alimentos a famílias que muitas vezes passam despercebidas pela sociedade e pelos governantes. “Existem histórias que parecem distantes, mas que estão muito próximas a nós. Muitas pessoas que trabalham em supermercados, feiras e restaurantes voltam para casa sem ter o que comer, seja pela falta de dinheiro ou pela necessidade de optar por refeições rápidas e ultraprocessadas, permanecendo em uma situação de insegurança alimentar”, afirma Afonso.
Para alcançar os mais necessitados, mais de 3 mil comitês comunitários, formados por voluntários, se mobilizam em diversas regiões do país. Eles percorrem ruas, vielas e estradas, garantindo que cada cesta básica chegue à sua destinação correta. Mais do que alimentos, esses voluntários levam uma mensagem de cuidado e solidariedade, fazendo com que o Natal Sem Fome se torne um símbolo de esperança e união. A meta para este ano é distribuir mais de 2 mil toneladas de alimentos.
Apesar dos progressos, como a saída do Brasil do Mapa da Fome, a insegurança alimentar continua a ser um desafio significativo. De acordo com dados do IBGE de 2024, aproximadamente 24,2% dos domicílios brasileiros ainda enfrentam alguma forma de insegurança alimentar, afetando mais de 60 milhões de pessoas. Entre essas, quase 60% dos lares são chefiados por mulheres, e as crianças e famílias de baixa renda são as mais vulneráveis.
Daniel Souza, presidente do Conselho da Ação da Cidadania e filho de Betinho, criador da campanha, enfatiza a necessidade de manter a luta contra a fome. “Neste ano, meu pai completaria 90 anos, e certamente estaria indignado com a continuação da fome no Brasil. Embora tenhamos avançado, a insegurança alimentar ainda não foi erradicada”, diz Souza. Ele ressalta que a campanha sempre teve o objetivo de aliviar a fome, especialmente durante o Natal, e reforça a importância da solidariedade como um valor fundamental para a sociedade. “O alimento é um direito universal e constitucional no Brasil. Enquanto essa campanha for necessária, conclamamos a população a fazer sua parte. Erradicar a fome deve ser nosso próximo passo”, conclui.
Desde sua criação em 1993, a Natal Sem Fome tem se mantido firme em seu propósito de garantir o direito à alimentação para todos, perpetuando a luta iniciada por Betinho há mais de três décadas.









