DIREITOS HUMANOS – Mulheres Negras Celebram a 2ª Marcha em Brasília, Reivindicando Espaço e Voz na Luta Contra Racismo e a Favor da Arte e Resistência Cultural.

Na Bahia, o termo “meter dança” é uma expressão que convida ao movimento e à celebração. Essa mesma energia pautou a 2ª Marcha das Mulheres Negras, que ocorreu em Brasília nesta terça-feira, reunindo milhares de participantes de diversas partes do Brasil e do mundo sob o lema “metam marcha”. Este evento, que mobilizou uma multidão de quase meio milhão de mulheres, evidenciou a força e a resistência do movimento negro, ecoando com a música “Mete Marcha Negona Rumo ao Infinito”, interpretada pela baiana Larissa Luz.

Desde sua primeira edição em 2015, a marcha tem se fortalecido e crescido, refletindo também o avanço de artistas e lideranças negras. Flora Egécia, uma das participantes do evento, recorda-se de sua primeira marcha, quando lançava seu curta-metragem documental “Das raízes às Pontas”, que aborda a valorização dos cabelos crespos. Naquele ano, ela encontrou não apenas apoio, mas um ambiente propício para camaradagem entre colegas artistas, que, hoje, estão conquistando espaços significativos na indústria cinematográfica.

Flora se juntou à marcha mais uma vez, desta vez ao lado de sua mãe, Dione Oliveira Moura, professora da Universidade de Brasília. Em sua trajetória recente, Flora co-produziu o documentário “Me Farei Ouvir”, que investiga os obstáculos que mulheres enfrentam para acessar a política no Brasil, mostrando como a luta continua a evoluir.

Durante a marcha, a Esplanada dos Ministérios foi preenchida por diversas manifestações culturais. Rolas de capoeira, alas de sambistas e grupos de dançarinas trouxeram movimento e alegria, enquanto tambores reverberavam a ancestralidade afro-brasileira. Entre os participantes, a dançarina e percussionista Ishina Pena Branca destacou a importância da arte em sua afirmação como mulher negra, afirmando que a música a conecta com suas raízes e ancestrais.

A programação do dia de mobilização incluiu um show gratuito no Museu Nacional, com performances de artistas renomados. Célia Sampaio, também conhecida como a “Dama do Reggae”, e outros nomes do cenário musical se apresentaram, celebrando a resistência através da arte. Naiara Leite, representante do comitê nacional da Marcha, enfatizou que a manifestação artística é um meio vital de denúncia e fortalecimento.

Prethais, outra artista que se apresentou, compartilhou sua trajetória, revelando que sua carreira começou após a primeira marcha. Com um passado de insegurança e solidão, ela descreve como a marcha a ajudou a se reconhecer como mulher negra e quilombola. Sua história é um testemunho vivo do impacto que a marcha tem gerado na vida de muitas mulheres, reafirmando a importância da união e da luta por direitos e reconhecimento na sociedade.

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