Neste sábado, 27 de abril, o Ministério Público do Trabalho (MPT) promove o lançamento do documentário "Vidas Marcadas – Os Impactos Humanos dos Acidentes do Trabalho", dedicado às vítimas de acidentes de trabalho. O lançamento do filme faz parte da campanha "Juntos por um Ambiente de Trabalho Seguro e Saudável" e coincide com a celebração do Dia Nacional de Prevenção aos Acidentes do Trabalho.
No início deste ano, o MPT já havia lançado seu primeiro documentário, que destacava os impactos financeiros e humanos dos acidentes de trabalho no Brasil. A subprocuradora-geral do Trabalho, Cristina Aparecida Ribeiro Brasiliano, em entrevista, mencionou que a campanha surgiu após uma conciliação judicial com o consórcio responsável pela construção do Estádio Mané Garrincha, em Brasília. Durante as obras, ocorreram diversos acidentes de trabalho, alguns fatais, que culminaram no embargo da construção. Como resultado da negociação, decidiu-se pela criação de uma campanha para reduzir e eliminar os acidentes laborais.
Segundo Cristina Aparecida, o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de acidentes de trabalho, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. A campanha busca sensibilizar tanto empregadores quanto trabalhadores sobre a importância de um ambiente de trabalho seguro. A subprocuradora enfatizou que os acidentes de trabalho são frequentemente resultado da falta de ferramentas adequadas fornecidas pelos empregadores e da ausência de educação sobre o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) por parte dos trabalhadores.
O documentário "Vidas Marcadas" traz depoimentos comoventes de pessoas afetadas por acidentes de trabalho. Lídia Maria Bandacheski do Prado, agricultora do Paraná, é uma das protagonistas da produção. Ela foi diagnosticada com intoxicação crônica por agrotóxicos, que a deixou incapaz de trabalhar. Outro caso é o de Clodoaldo Godinho, que perdeu as mãos em um acidente de trabalho e hoje atua como técnico em segurança do trabalho e palestrante, compartilhando suas experiências para promover a segurança laboral.
O filme também aborda a tragédia de Brumadinho, onde Noel, um trabalhador terceirizado, perdeu a vida no rompimento da barragem da Vale em 2019. O incidente, que vitimou 272 pessoas, é considerado o maior acidente de trabalho do Brasil.
A campanha do MPT, que começou em janeiro deste ano e terminará em agosto, aborda diferentes temas relacionados à segurança no trabalho a cada mês. Até agora, foram discutidos riscos psicossociais, setor aeroportuário, setor industrial, construção civil, transportes e mineração. Nos meses de julho e agosto, os temas a serem tratados são agropecuária e saúde e serviços sociais, respectivamente.
Os dados mais recentes do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho/INSS revelam que, em 2022, foram registrados 612.900 acidentes de trabalho no Brasil, com um aumento de 22% nos casos atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). As categorias mais afetadas incluem técnicos de enfermagem, alimentadores de linha de produção, faxineiros, motoristas de caminhão e serventes de obra.
A subprocuradora-geral Cristina Aparecida ressalta que a orientação e a educação do trabalhador são de responsabilidade legal do empregador. Relatórios internacionais também evidenciam a gravidade do problema: segundo a Organização Mundial do Trabalho (OMT), meio bilhão de dias de trabalho foram perdidos no setor formal desde 2012, com uma perda média de 4% no PIB global anualmente. Além disso, a OMS destaca que distúrbios psicossociais, como depressão e ansiedade, causam trilhões de dólares em perdas de produtividade.
Para aqueles interessados em obter uma prévia do documentário, o teaser está disponível neste link.
