Essa ação do MPF faz parte de um inquérito aberto contra o Banco do Brasil desde setembro de 2023, com base em um estudo realizado por 14 pesquisadores de universidades brasileiras e americanas. O estudo apontou as conexões do BB com o comércio de africanos escravizados, destacando os vínculos diretos entre traficantes e o capital investido nas ações do banco.
Em novembro, o Banco do Brasil emitiu um pedido público de desculpas à população negra em reconhecimento à sua ligação com a escravidão. No entanto, o MPF exige que o banco e o MIR designem recursos específicos para ações de reparação e definam medidas prioritárias, a fim de evitar que o pacto pela igualdade racial se torne apenas uma declaração de intenções.
Durante a audiência, tanto o procurador Julio Araujo quanto Jaime Mitropoulos enfatizaram que as desculpas públicas do BB não são suficientes e que medidas simbólicas não atendem às demandas de reparação necessárias. A sociedade civil também contribuiu com sugestões de reparação, com mais de 500 propostas de entidades como o Movimento Negro Unificado (MNU) e a Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq).
A gerente de Relações Institucionais do Banco do Brasil, Nivia Silveira da Mota, e o consultor jurídico João Alves destacaram que o banco já adota ações em busca da equidade racial e de inclusão. Eles também anunciaram o lançamento de um plano de ações relacionadas à reparação à população negra. No entanto, enfatizaram que algumas propostas da sociedade civil estão fora da capacidade de atuação do banco.
Os representantes dos Ministérios da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos e da Cidadania reiteraram o compromisso em ouvir a sociedade e elaborar medidas para promover a igualdade racial e a reparação histórica. Em meio às discussões, fica evidente a necessidade de ações concretas e abrangentes para reparar os danos causados pela escravidão no país.