De acordo com a Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF), Tenório foi executado a tiros e seu corpo foi enterrado sem identificação em uma vala comum na periferia da capital argentina. O reconhecimento da identidade foi realizado através de métodos de datiloscopia, que consistem na comparação de impressões digitais, e evidencia o rigor dos esforços para esclarecer os casos de desaparecimento forçado que marcaram a época.
O pianista foi assassinado dias antes do golpe militar que depôs María Estela Martínez Perón, instaurando uma ditadura que se destacou pela repressão violenta a opositores. Entre 1975 e 1983, durante o período de repressão, a Procuradoria de Crimes contra a Humanidade investigou diversos cadáveres encontrados nas ruas, que foram arquivados sem identificação. O objetivo era identificar se esses corpos poderiam estar relacionados a vítimas de violência estatal.
O trabalho da EAAF, sob ordem da Câmara Federal de Apelações de Buenos Aires, possibilitou a confirmação da morte e o destino do corpo de Tenório após a comparação das digitais de um cadáver de um homem, encontrado em um terreno baldio em Tigre. Contudo, ainda não está claro se será possível exumar o corpo para uma comparação genética.
A CEMDP tem se empenhado em investigar casos ligados ao que é conhecido como Operação Condor, uma aliança entre diversos governos latino-americanos que, durante as décadas de 1970 e 1980, se dedicaram à repressão de militantes políticos. A comissão realiza a coleta de dados e amostras de familiares de desaparecidos brasileiros que estão fora do país, buscando estabelecer um intercâmbio de informações com autoridades locais.
Após ser informada da confirmação, a CEMDP contatou a família de Francisco Tenório, oferecendo todo o apoio necessário durante esse processo, assim como buscando colaborar na localização de seus restos mortais. A confirmação da morte do artista marca um passo significativo na luta por justiça e reconhecimento das atrocidades cometidas durante os regimes militares na América Latina.