DIREITOS HUMANOS –

Moraes critica lucro das big techs com fake news e defende regulamentação responsável para proteger a democracia e combater discurso de ódio



O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez duras críticas às grandes empresas de tecnologia durante sua participação, por videoconferência, no evento GlobalFact, realizado no Rio de Janeiro. Ele destacou que essas gigantes, responsáveis por plataformas de redes sociais, lucram exorbitantemente com a difusão de notícias falsas, conhecidas como fake news, o que representa um modelo de negócio “perverso”. Para Moraes, o que importa para essas companhias é o maior engajamento nas redes, independentemente da veracidade das informações. “As notícias que chocam são mais lucrativas do que aquelas que informam”, explanou.

O ministro sublinhou a urgência da regulamentação dessas plataformas, ressaltando os desafios que a falta de limites nas redes sociais impõe à sociedade. Ele lembrou que, quando o Congresso Nacional buscou discutir leis para regulamentar as big techs em 2022, houve uma intensa campanha contrária, com a disseminação de informações fraudulentas destinadas a coagir os deputados. Moraes não hesitou em descrever essa situação como um “ataque ao Poder Legislativo”.

Moraes enfatizou que a regulamentação não deve ser confundida com censura, mas sim entendida como uma medida necessária para garantir uma liberdade de expressão responsável. Ele comparou o fenômeno das redes sociais a outras atividades econômicas, que historicamente sempre foram regulamentadas para proteger a sociedade. O ministro ressaltou ainda que as plataformas digitais frequentemente fomentam discursos de ódio e discriminação, atacando grupos minoritários e colocando em risco conquistas sociais.

O panorama expondo os riscos da liberdade de expressão desmedida foi complementado por Cármen Lúcia, também do STF, que apontou as redes sociais como uma ameaça ao Estado democrático. A ministra destacou que, assim como as estradas e os carros exigiram regulamentação, as novas tecnologias também precisam ser endereçadas por normas que garantam a responsabilidade dos agentes envolvidos.

Na sequência, Jorge Messias, advogado-geral da União, reforçou a desconfiança em relação à autorregulamentação das big techs. Ele alegou que as companhias não podem se eximir da responsabilidade pelos impactos sociais de suas políticas. Messias reforçou a necessidade urgente de uma atualização na legislação brasileira para lidar com a questão, lembrando que, até o momento, o país se baseia no Marco Civil da Internet de 2014, que já se mostra obsoleto.

A luta contra a desinformação e a defesa da democracia foi um ponto central no discurso de outros participantes, ressaltando a necessidade de iniciativas para fortalecer a integridade da informação no Brasil e em todo o mundo. O evento GlobalFact, com a presença de líderes e especialistas na área, simboliza um esforço coletivo para sanar essas questões e promover ambientes mais seguros e responsáveis na comunicação digital.

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