DIREITOS HUMANOS – “Ministras e ativistas debatem políticas para combater violência e discriminação contra a comunidade LGBTQIA+ em Conferência Nacional em Brasília”

Na terça-feira, 21 de outubro, Brasília foi palco da abertura da 4ª Conferência Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, que se estende até o dia 25. O evento reuniu ministras, parlamentares e diversas representações da comunidade LGBTQIA+ de todo o Brasil, todos unificados na defesa da importância de uma agenda que combine políticas públicas com a participação social para enfrentar a violência e a discriminação.

A conferência, com o lema “Construindo a Política Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+”, tem como objetivo criar um espaço de escuta e debate sobre os desafios enfrentados pela comunidade. Participam do evento mais de 1,5 mil pessoas, que trazem à tona diversos temas relevantes para a transformação social e o fortalecimento dos direitos humanos.

Uma das vozes mais destacadas da conferência foi a ativista baiana Jovanna Cardoso, conhecida como Jovanna Baby, que enfatizou a importância de garantir que 73% das pessoas trans, que são negras, tenham acesso equitativo a programas sociais como o Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida. Jovanna, reconhecida como pioneira na luta pelos direitos de travestis e transexuais, criticou as políticas que ainda privilegiam maioritariamente as famílias heterossexuais.

A secretária nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Symmy Larrat, também se fez ouvir ao reiterar a relevância do ativismo no Brasil como um motor de transformação na luta pelos direitos da comunidade e no combate à violência. Durante sua fala, Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, presidente do Tribunal Superior do Trabalho, anunciou a criação de um grupo de trabalho focado em investigar as violações sofridas por essa população, revelando que as taxas de desemprego entre pessoas trans são alarmantes e destacando a necessidade de pesquisas contínuas para fundamentar as políticas públicas eficazes.

As contribuições das ministras presentes foram igualmente significativas. Marcia Lopes, ministra das Mulheres, ressaltou a necessidade de ampliar as políticas de cotas para a comunidade LGBTQIA+. Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, enfatizou que a diversidade deve ser respeitada em todas as políticas públicas. Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais, criticou os retrocessos do governo anterior em relação às políticas voltadas para a população LGBTQIA+ e considerou o evento um marco para a reabertura das discussões.

A deputada Erika Hilton também fez um apelo de resistência e união no enfrentamento das dificuldades enfrentadas pela comunidade. Ela expressou esperança de um futuro em que se narrem histórias de empoderamento, e não apenas de opressão. Duda Salabert, por sua vez, sublinhou que sua luta predominantemente é para que sua filha não sinta vergonha de sua identidade familiar, reforçando a importância de pautar as próximas gerações para que cresçam sem o peso do preconceito.

Ao final, a ministra da Cidadania e dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, acolheu os relatórios dos grupos de trabalho sobre a violência enfrentada pela população LGBTQIA+, ratificando a urgência de uma política nacional inclusiva. Assim, a conferência se apresenta como um momento crucial para a reflexão e construção de caminhos mais justos e igualitários para todos.

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