O incidente ocorreu enquanto Verônica Dalcanal cobria o dia dos atletas brasileiros nos Jogos de Paris, durante um intervalo na transmissão de uma partida da Série B do Campeonato Brasileiro. Três homens, aparentemente estrangeiros, se aproximaram e começaram a cantar em torno da jornalista. Um dos homens se adiantou e a beijou no rosto sem seu consentimento, um ato que Verônica prontamente rechaçou. Mesmo após essa reação, outro dos homens repetiu a agressão e também a beijou, sendo novamente repelido pela jornalista.
A Fenaj e os sindicatos de jornalistas consideram inaceitável que profissionais ainda se sintam desprotegidas ao realizar seu trabalho em um dos maiores eventos esportivos do mundo, especialmente em um ano que marca a equiparação de gênero entre os atletas participantes dos Jogos Olímpicos. Em uma nota oficial, destacaram que o assédio não é apenas uma grave forma de violência contra a mulher, mas também uma intimidação misógina contra o exercício do jornalismo. Reafirmaram que o corpo da mulher não é público e que o espaço profissional da jornalista merece respeito. A nota salientou que foram muitos os obstáculos machistas superados para que mulheres pudessem cobrir eventos esportivos, e sublinhou que não se deve retroceder em tais conquistas. “Comportamentos como esse devem ser investigados e reprimidos”, concluiu.
A Fenaj e os sindicatos solicitaram que a EBC ofereça suporte à jornalista, adote uma postura pública contundente contra o ataque e pressione as autoridades competentes para a devida investigação e punição dos responsáveis. A organização também se colocou à disposição de Verônica Dalcanal através de seus departamentos jurídicos.
Em consonância com essa postura, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República emitiu uma nota afirmando que é “inaceitável que jornalistas mulheres continuem sendo vítimas dessa violência” e garantiu o “apoio necessário” à profissional. Cida Gonçalves, ministra das Mulheres, enfatizou na noite de sábado (3) que as mulheres precisam ser respeitadas em todos os espaços. “É inaceitável que acreditem ter propriedade sobre nossos corpos, e que jornalistas e outras mulheres em espaços de poder passem por situações como essa”, disse a ministra.
Jean Lima, presidente da EBC, também manifestou sua solidariedade, classificando o ato como inadmissível, especialmente contra jornalistas no exercício de sua profissão. A diretora de Jornalismo da EBC, Cidinha Matos, corroborou a indignação, classificando o episódio como uma agressão não apenas à jornalista, mas também à mulher e ao espírito olímpico. Ela sublinhou que, especialmente nesta edição dos Jogos, as mulheres, em particular as brasileiras, estão alcançando merecido protagonismo.